O sector da saúde privada em Angola atravessa uma fase crítica, marcada pelo aumento dos custos operacionais, burocracia excessiva e obstáculos nos processos com seguradoras de saúde. Estes foram alguns dos principais pontos abordados durante o encontro “Business and Breakfast Saúde”, realizado esta segunda-feira, numa das unidades hoteleiras de Luanda.
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Sob o lema “Repensar o Mercado da Saúde Privada em Angola – Cenário Actual e Desafios Futuros”, o evento, promovido pela E&M Business and Benefits, reuniu profissionais do sector, gestores hospitalares, consultores e representantes de clínicas e operadoras de seguros, com o objectivo de identificar soluções práticas e urgentes para os desafios enfrentados.
A sessão de abertura foi conduzida por José Cunha, Secretário-Geral da Associação Angolana das Clínicas Médicas, que apelou a uma reforma estrutural profunda no sector. Para o responsável, a ausência de incentivos estatais, a elevada carga fiscal, os entraves burocráticos nas relações com as seguradoras e a falta de diálogo efectivo entre os actores têm travado o desenvolvimento sustentável da saúde privada no país.
“O sector privado não pode ser visto como adversário do público, mas como parte da resposta nacional. Precisamos de um ambiente mais justo, estável e cooperativo”
O especialista Edgar Santos, por sua vez, apresentou uma análise detalhada do contexto actual, identificando três grandes bloqueios no funcionamento das unidades privadas de saúde: Subida acentuada dos preços, que limita o acesso da população aos cuidados; Trâmites lentos e excessivos com as seguradoras, que comprometem a fluidez do atendimento; Gestão ainda pouco digitalizada, reduzindo a produtividade e eficiência.
Santos defendeu a modernização da administração hospitalar, a valorização de parcerias público-privadas e a definição de políticas públicas estruturadas que fomentem o crescimento equilibrado do sector.