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O Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, fez um apelo vibrante a uma cobertura mediática mais equilibrada de África e do seu desenvolvimento, observando que isto era fundamental para mudar as narrativas falsas. Para Adesina, existem muitos desenvolvimentos positivos em África, mas que o continente continua a ser alvo de deturpações que prejudicam o seu progresso económico e o seu potencial de investimento.
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Adesina discursou na quinta-feira, na Cimeira AllAfrica dos Media, em Nairobi, que contou com a presença de cerca de 300 participantes de todo o continente. O responsável do BAD elogiou o papel crucial que os media desempenham no reforço da democracia e na promoção da inclusão.
Para Adesina, “Existem muitos desenvolvimentos positivos em África, mas que o continente continua a ser alvo de deturpações que prejudicam o seu progresso económico e o seu potencial de investimento”
“Apesar dos progressos significativos no nosso continente, a narrativa predominante nos meios de comunicação social centra-se frequentemente em estereótipos negativos, ignorando os avanços substanciais e a resiliência que África demonstra”, acrescentou.
Adesina disse que havia muitas notícias positivas para relatar e destacou a resiliência económica do continente regional num contexto de desafios globais. Em 2023, a taxa de crescimento da África ultrapassou a média global, com 11 nações africanas classificadas entre as economias de crescimento mais rápido do mundo, lembrou.
Adesina fez referência ao relatório ‘Africa No Filter’ de 2021, que revelou uma adesão significativa a clichés desatualizados e negativos nos relatos dos meios de comunicação social sobre África. “Está na altura de mudar”, declarou. “Temos de reformular a narrativa sobre África para refletir o seu verdadeiro espírito e potencial”, acrescentou.
Sublinhou a natureza crítica da informação e a sua capacidade de ter um impacto negativo profundo no desenvolvimento e nas perceções dos investidores, apesar de uma investigação aprofundada da Moody’s Analytics ter demonstrado que o continente apresenta um risco muito menor do que muitos outros.
“Temos de promover uma visão equilibrada que destaque tanto os desafios como os muitos êxitos de África. Trata-se de mudar as percepções e mostrar África como um continente rico em oportunidades e inovação”
O Presidente do Grupo Banco também falou sobre os desafios e as transformações no setor dos meios de comunicação social, destacando o impacto da tecnologia digital. “O panorama dos meios de comunicação social mudou drasticamente com o surgimento da Internet e da tecnologia móvel, conduzindo a uma proliferação de plataformas digitais”, declarou Adesina.
“Embora esta situação tenha democratizado a informação, também complicou as questões, uma vez que a distinção entre facto e ficção pode tornar-se pouco clara”
Para contrariar as narrativas injustas e desequilibradas, Adesina apelou à criação de meios de comunicação social africanos poderosos e respeitados a nível mundial e propôs colaborações estratégicas entre instituições financeiras regionais para apoiar esta causa, sublinhando a necessidade de os meios de comunicação social acuarem como catalisadores do desenvolvimento.
“Precisamos de celebrar e promover os êxitos do continente, virando a maré contra os estereótipos de longa data que ensombram a visão global de África… O nome que damos a nós próprios é o nome que os outros nos darão”, lembrou.
“Enquanto nos denegrirmos continuamente e fizermos o jogo daqueles que controlam a narrativa sobre África, ficaremos presos a um rótulo que não nos pertence”, concluiu.