A 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia arrancou esta manhã em Luanda, reunindo 42 Chefes de Estado e de Governo, num encontro marcado por fortes apelos do Presidente da República de Angola e Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, à reconstrução do multilateralismo, à reforma das instituições financeiras internacionais e ao reforço de uma parceria estratégica de “igual para igual” entre os dois continentes.
POC NOTÍCIAS | ANA ATALMIRA | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
Ao intervir na sessão de abertura, João Lourenço sublinhou o simbolismo do mês de Novembro para Angola, que celebra em 2025 os 50 anos da Independência Nacional, e destacou que Luanda se torna, neste contexto, “tribuna de esperança” para África e Europa, num momento em que o mundo enfrenta crises simultâneas da segurança alimentar à energética, passando pela instabilidade humanitária, sanitária e pelo agravamento das migrações globais.
O Chefe de Estado recordou que a parceria UA–UE completa este ano 25 anos, período durante o qual se aprofundou o conhecimento mútuo e se expandiu a cooperação a sectores como a segurança, educação, saúde, comércio, investimento, governação, clima e transformação digital.
João Lourenço afirmou que a prioridade do seu mandato à frente da União Africana tem sido a consolidação da paz e segurança no continente, consideradas essenciais para acelerar a integração económica, fortalecer o papel da juventude e das mulheres, e impulsionar a transição energética e a resiliência climática.
O Presidente angolano defendeu ainda uma reforma profunda das instituições internacionais, de modo a garantir que a voz africana seja efectivamente escutada na governação global. “É indispensável que as instituições internacionais se tornem mais inclusivas e representativas”, reforçou.
João Lourenço enfatizou o potencial estratégico de uma parceria equilibrada entre África e Europa: o continente europeu com o seu domínio tecnológico e científico, e África com vastos recursos naturais, extensas terras aráveis, abundantes reservas hídricas e solares, e uma crescente mão-de-obra jovem. “Juntos, temos tudo para desenvolver os nossos continentes”, afirmou, defendendo que a Europa só beneficiará de uma África estável, industrializada e com oportunidades para fixar a sua juventude, reduzindo fluxos migratórios irregulares.
O Chefe de Estado destacou projectos estruturantes como o Corredor do Lobito, a conectividade digital e a transição energética, reiterando a necessidade de agilizar procedimentos e reduzir barreiras burocráticas que retardam iniciativas conjuntas.
No campo económico e financeiro, voltou a apelar à reforma urgente do sistema financeiro internacional, defendendo mecanismos mais justos de reestruturação da dívida, expansão dos Direitos Especiais de Saque e o uso de instrumentos inovadores de financiamento. “A África necessita de financiamento acessível para electrificação, industrialização e mobilidade. Sem isso, não haverá desenvolvimento sustentável”, sublinhou.
As alterações climáticas foram outro ponto central do discurso. Apesar de África ser o continente que menos contribui para as emissões globais, o Presidente angolano destacou o seu enorme potencial para liderar a produção de energia limpa através de barragens hidroeléctricas, parques solares e combate à desflorestação.
João Lourenço concluiu com um apelo directo ao resgate do multilateralismo, que considera essencial para garantir a paz e a estabilidade global, declarando oficialmente aberta a 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, que decorre em Luanda ao longo dos próximos dias.
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