O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou hoje que a juventude africana constitui “um dos maiores trunfos” para o futuro partilhado entre África e Europa, sublinhando que investir nas novas gerações do continente é investir também no futuro europeu. A declaração foi feita na abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, que arrancou esta manhã em Luanda com a presença de 42 Chefes de Estado e de Governo.
POC NOTÍCIAS | EMANUEL DOMINGOS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
No seu discurso, António Costa destacou o potencial “criativo, dinâmico e em rápido crescimento” da juventude africana, considerando-a essencial para a construção de um mundo mais próspero, estável e sustentável. “A sua energia e inovação são fundamentais para o futuro dos nossos continentes”, afirmou.
O líder europeu alertou que o encontro ocorre num momento particularmente sensível para a ordem internacional, marcado pelo regresso da guerra à Europa, pela persistência de conflitos em vários países africanos e no Médio Oriente, pela disseminação de desinformação e pelo agravamento da turbulência económica mundial. António Costa lembrou ainda que a dívida global atingiu níveis “politica e socialmente incomportáveis” e que o multilateralismo enfrenta pressões sem precedentes.
Referindo-se directamente à experiência angolana após a independência, o Presidente do Conselho Europeu afirmou que “um mundo dividido em blocos em confronto não é um mundo de paz, mas de dificuldades”, reforçando a necessidade de revitalizar a cooperação multilateral.
António Costa destacou também os avanços recentes da parceria afro-europeia em fóruns internacionais. Recordou a entrada da União Africana no G20, a primeira realização do G20 em solo africano, organizada este ano pela África do Sul, e o contributo conjunto para a aprovação da Agenda para o Futuro na Assembleia Geral das Nações Unidas.
“Juntos representamos 40% dos membros da ONU e temos a responsabilidade de moldar uma governação global mais justa”
Na área da segurança, Costa reiterou que a União Europeia permanece o principal parceiro do continente africano, recordando o investimento europeu em missões civis e militares, estabilização, cibersegurança, combate à desinformação, terrorismo e ameaças híbridas. “O reforço da paz e da boa governação em África é também um investimento na segurança europeia”, disse.
O Presidente do Conselho Europeu avaliou que existe ainda grande margem para aprofundar a cooperação económica, desde o comércio e integração regional até às cadeias de abastecimento resilientes e às matérias-primas estratégicas. Defendeu que esta parceria não deve ser “transaccional”, mas criadora de valor para ambas as partes, reforçando a autonomia estratégica africana e evitando novas dependências.
Costa voltou a insistir no papel das populações como elemento central da parceria, lembrando que África e Europa somam quase dois mil milhões de cidadãos. As aspirações a estabilidade, dignidade e oportunidade, disse, devem guiar o trabalho conjunto, com especial ênfase na juventude africana, que considera estar “no centro da promessa” de futuro comum.
António Costa concluiu reafirmando o compromisso da União Europeia em permanecer um parceiro “credível, fiável, atento e sólido” para África, defendendo que a construção de um Sul global mais seguro e próspero só será possível através de esforços mútuos.
@pocnoticias.ao





