O Standard Bank de Angola (SBA) alertou para o risco do país perder a oportunidade de tornar o dividendo demográfico num pilar de sustentabilidade, e para um “elevado risco” de o crescimento da economia angolana se manter abaixo do objectivo de 3% do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND 2023 – 2027) para 2027.
“Devido a pressões cambiais e fiscais e a um investimento moderado”, o SBA considera que Angola corre sérios riscos de perder a oportunidade de tornar o dividendo demográfico num pilar de sustentabilidade. A abordagem foi apresentada durante a apresentação do II Briefing Económico de 2024, na sexta-feira, 5 de Julho, em Luanda. .
“Com uma população de 35 milhões, dos quais 19.6 milhões com 15 anos ou mais, e uma população economicamente activa de 17.4 milhões, o emprego formal é muito reduzido e o desemprego atinge 32% da população activa. Com uma educação de fraca qualidade e sem grande capacidade de geração de emprego, o dividendo demográfico é desperdiçado”, referiu Fáusio Mussá, Economista Chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo.
Para Fáusio Mussá, economista chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo, “Com uma população de 35 milhões, dos quais 19.6 milhões com 15 anos ou mais, e uma população economicamente activa de 17.4 milhões, o emprego formal é muito reduzido e o desemprego atinge 32% da população activa. Com uma educação de fraca qualidade e sem grande capacidade de geração de emprego, o dividendo demográfico é desperdiçado”.
Considerando que as reformas económicas abrandaram, Fáusio Mussá salientou que “apesar do aumento do salário mínimo em Junho, na ordem dos 119%, a alta inflação e o desemprego elevado continuam a ter um impacto negativo no custo de vida e na economia em geral”.
O crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano de 4,6% em termos homólogos, um máximo de nove anos, reflecte por um lado efeitos de base positivos no sector petrolífero, que cresceu 6.9%, embora se verifique “um crescimento surpreendente” do PIB não-petrolífero de 3,9% em termos homólogos.
“Mantemos a nossa previsão de crescimento do PIB de 2,3% para 2024, efectuada na edição de Junho do AMR – African Markets Revealed”, revelou Fáusio Mussá, sublinhando ainda a “forte dependência do sector petrolífero, que representa cerca de 95% das exportações, mais de 50% das receitas fiscais e cerca de 1/3 do PIB”.
Segundo o economista, os “pressupostos de crescimento do Governo para 2024 parecem optimistas, uma vez que a economia não petrolífera exige níveis adequados de oferta de divisas para funcionar”.
O II Briefing Económico de 2024 do SBA revelou ainda que, no que toca ao sector externo, Angola conseguiu manter a conta corrente da balança de pagamentos excedentária, apesar do choque de 2023. “Os preços favoráveis do petróleo apoiam as nossas previsões de um excedente da balança de transacções correntes de 5,9% do PIB para 2024”, afirmou Fáusio Mussá.
Acerca da política monetária, espera-se que “continue a ser mais restritiva, dado que o elevado crescimento da massa monetária em moeda local e os empréstimos e o crédito do Estado não ajudam a combater a inflação nem apoiam o kwanza. As taxas de juro reais tornaram-se negativas. A inflação continua a subir, tendo-se registado, em Maio deste ano, 30,2% a nível nacional e 41,5% em Luanda”.