POC NOTÍCIAS | Ana Atalmira | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
O Continente africano gasta mais de 14 mil milhões de dólares por ano na importação de medicamentos e vacinas, e realiza apenas 2% da investigação mundial sobre novas infeções, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, na primeira Conferência Internacional sobre Inovação, Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia no Setor Farmacêutico Africano.
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Centrada na abordagem dos principais desafios da inovação e da transferência de tecnologia para construir um sector farmacêutico mais forte em África, a Conferência organizada pela recém-lançada Fundação Africana de Tecnologia Farmacêutica, é vista como um factor de mudança na busca do continente por uma indústria farmacêutica forte e autossuficiente.
O evento que arrancou nesta segunda-feira, 25 de Março, em Adis Abeba, juntou no mesmo local cem líderes africanos, incluindo dos Estados Unidos e da Europa, que concordam trabalhar em políticas que visam eliminar os obstáculos que impedem África de fabricar os seus próprios medicamentos e vacinas, numa altura em que os dados da Fundação apontam que África importa mais de 70% de todas as suas necessidades de saúde, o que custa cerca de 14 mil milhões de dólares por ano e realiza apenas 2% da investigação mundial sobre novas infeções, apesar de suportar um quarto da carga global de doenças.
Para inverter a tendência, África terá de, entre outras medidas necessárias, segundo os líderes presentes na conferência, ultrapassar as barreiras ao acesso à tecnologia, tanto no sector público como no privado, em todo o continente.
“No mundo global, várias estrelas estão a alinhar-se para que o continente atraia investimento nacional e internacional para construir cadeias de valor e uma base de produção sólida neste sector”, disse Ngozi Okonjo-Iweala, da OMC.
“As empresas devem tentar antecipar-se… criar parcerias e trabalhar com licenças voluntárias… [que] incluem uma verdadeira transferência de tecnologia”
O Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, durante a sua intervenção na Conferência Internacional, alertou que “África precisa de mudar o ambiente tecnológico… e construir um ecossistema de investigação e desenvolvimento farmacêutico e biomédico que possa apoiar indústrias farmacêuticas locais de classe mundial”.
Os temas da conferência vão desde a segurança do abastecimento regional até às lacunas tecnológicas no desenvolvimento do sector privado e na investigação e desenvolvimento (I&D) do sector público, bem como a procura do equilíbrio certo entre os direitos de propriedade intelectual e o acesso durante e após as pandemias.
Recorde-se que a Fundação Africana de Tecnologia Farmacêutica (APTF), foi criada pelo Banco Africano de Desenvolvimento, com o apoio da União Africana. Criada em 2022, como uma agência regional independente, a APTF trabalha para melhorar o acesso de África às tecnologias necessárias para descobrir, desenvolver e fabricar medicamentos, vacinas e diagnósticos.
Atualmente a Fundação apoia as empresas africanas a envolverem-se em transações tecnológicas, a comercializarem a propriedade intelectual e a diversificarem as carteiras de produtos, as instituições de investigação a tornarem-se centros de excelência e os governos a moldarem mercados de produtos saudáveis, entre outras iniciativas.