POC NOTÍCIAS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR | Fonte: GBAD
Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), apela ao fim dos empréstimos concedidos em troca dos ricos fornecimentos de petróleo do continente ou de minerais essenciais utilizados em smartphones e baterias de carros elétricos, acordos que ajudaram a China a controlar a extração de minerais em locais como o Congo (link is external) e deixaram alguns países africanos em crise financeira.
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“São simplesmente maus, antes de mais, porque não se consegue atribuir um preço adequado aos activos”, disse Akinwumi Adesina numa entrevista à The Associated Press em Lagos, na Nigéria. “Se há minerais ou petróleo debaixo do solo, como é que se chega a um preço para um contrato a longo prazo? É um desafio”.
A ligação das receitas futuras das exportações de recursos naturais (link is external) ao pagamento de empréstimos é frequentemente apresentada como uma forma de os beneficiários obterem financiamento para projectos de infraestruturas e de os credores reduzirem o risco de não receberem o seu dinheiro de volta.
A transição para as energias renováveis e para os veículos elétricos(link is external) provocou um aumento da procura de minerais essenciais, o que levou a este tipo de empréstimos. Entre eles, inclui-se um acordo entre a China e o Congo que reforça a posição de Pequim na cadeia de abastecimento global de veículos elétricos e outros produtos, uma vez que explora as maiores reservas mundiais de cobalto, um mineral utilizado para fabricar baterias de iões de lítio(link is external), no empobrecido país da África Central.
Adesina, cuja instituição sediada em Abidjan, na Costa do Marfim, ajuda a financiar o desenvolvimento dos países africanos, afirmou que estes acordos têm uma série de problemas.
Destacou a natureza desigual das negociações, em que os credores têm normalmente a vantagem e ditam as condições aos países africanos sem dinheiro. Este desequilíbrio de poder, associado à falta de transparência e ao potencial de corrupção, cria um terreno fértil para a exploração (link is external), afirmou Adesina.
“Estas são as razões pelas quais eu digo que África deve pôr fim aos empréstimos garantidos por recursos naturais”, disse Adesina, apontando para uma iniciativa do banco que ajuda “os países a renegociar os empréstimos que são assimétricos, não transparentes e com preços incorretos”.
Adesina disse que os empréstimos garantidos com recursos naturais representam um desafio para os bancos de desenvolvimento (link is external) como o seu e o Fundo Monetário Internacional, que promovem a gestão sustentável da dívida. Os países podem ter dificuldades em obter ou reembolsar empréstimos destas instituições porque têm de utilizar as receitas dos seus recursos naturais – normalmente cruciais para as suas economias – para pagar as dívidas ligadas aos recursos, afirmou.