Angola está a dar passos firmes para integrar o financiamento sustentável no centro da sua estratégia de desenvolvimento. A III Conferência sobre Sustentabilidade na Banca, realizada esta terça-feira, em Luanda, pela Associação Angolana de Bancos (ABANC), serviu de palco para um debate franco e técnico sobre os caminhos que o país deve seguir para criar uma economia mais verde, justa e resiliente.
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Com o lema “Financiamento Sustentável e a Importância de uma Taxonomia Climática e Social para Angola”, o evento reuniu decisores públicos, bancos, peritos nacionais e internacionais, representantes da sociedade civil e organismos multilaterais, que analisaram os desafios e urgências da transição ecológica, num contexto económico ainda marcado por desigualdades e elevada dependência de recursos fósseis.
O momento mais marcante foi a apresentação da proposta para a criação de uma Taxonomia Climática e Social Nacional, um conjunto de critérios que definirá, com rigor, que actividades económicas podem ser consideradas sustentáveis em Angola. Esta medida, segundo os especialistas, poderá atrair mais investimento estrangeiro, aumentar a transparência nos financiamentos e alinhar o país com os padrões internacionais de finanças verdes.
“Sem critérios claros, o risco é continuarmos a financiar actividades que agravam os problemas que queremos resolver”, alertou Sofia Santos, especialista do Programa Europeu de Apoio à Gestão das Finanças Públicas.
Durante os diversos painéis, ficou claro que o sistema financeiro angolano tem um papel estratégico na construção de um modelo económico mais sustentável. A vice-governadora do Banco Nacional de Angola (BNA), Maria Juliana Van-Dúnem de Fontes Pereira, referiu que “a sustentabilidade já não é uma opção, é uma exigência do mercado e uma oportunidade para o futuro”.
A banca comercial, representada por instituições como o BFA, o BCS e a BODIVA, defendeu a criação de produtos financeiros verdes, adaptados à realidade nacional. Os oradores apontaram, no entanto, obstáculos significativos: burocracia, escassez de quadros especializados, falta de dados ambientais fiáveis e ausência de incentivos à inovação verde.
Entre as propostas saídas da conferência, destacam-se a Criação de uma plataforma nacional de financiamento verde; Definição de uma estratégia nacional de finanças sustentáveis; Reforço da literacia financeira e educação ambiental nas comunidades e o Estabelecimento de parcerias internacionais para acesso a fundos climáticos.
No final do evento, a ABANC comprometeu-se a transformar as recomendações do evento em acções concretas, com a realização de sessões técnicas, documentos de orientação e consultas públicas que permitam implementar, de forma estruturada, uma agenda nacional de finanças sustentáveis.