O Standard Bank de Angola revelou ontem, durante a apresentação da II Edição do Briefing Económico de 2025, as perspectivas da economia angolana para o próximo ano, em que se destaca uma previsão de crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e de redução da taxa de inflação para 14,2%. Sob o mote ‘Angola para além do Oil & Gas’, o evento teve lugar em Luanda, reunindo clientes, parceiros e investidores.
POC NOTÍCIAS | EMANUEL DOMINGOS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
“Em 2025 verificou-se uma desaceleração do crescimento do PIB, que foi afectado pela contracção do sector petrolífero, no entanto, a nossa previsão é de uma recuperação em 2026. O mesmo acontece com a inflação, em que a estabilidade cambial tem permitido a redução da inflação e o corte das taxas de juro”, referiu Fáusio Mussá, Economista Chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo.
Começando por referir que este ano “tem sido muito desafiador”, o Economista Chefe recuou ao mês de Abril, quando foi apresentada a I Edição do Briefing Económico, numa altura em que o mundo enfrentava o início da implementação de novas tarifas pelos Estados Unidos da América, receios de recessão em algumas economias e uma grande volatilidade dos mercados.
“Foi uma primeira metade de ano caracterizada por uma pressão sobre a liquidez global. A partir da segunda metade do ano, e a partir do momento em que começou a haver negociação de tarifas para níveis mais baixos dos inicialmente previstos, observou-se um alívio nos mercados globais, uma restauração dos fluxos de capital e alguma estabilidade no preço do petróleo. Isso tem permitido a Angola estabilizar a receita petrolífera, sobretudo num ano em que se verifica alguma pressão na produção”, afirmou.
Ainda assim, e apesar de os níveis de produção estarem abaixo do previsto, o que tem impacto na receita petrolífera de Angola, Fáusio Mussá considerou ter havido uma “surpresa pela positiva, quando se observou que o Orçamento do Estado para 2026 apresenta pressupostos que revelam muita prudência, sobretudo em alguns dos principais indicadores macro-económicos, incluindo a contribuição do sector petrolífero para as receitas de Estado, que desta vez fica abaixo dos 50%, assim como um preço do petróleo realístico, considerando a conjuntura mundial”.
“A leitura que fazemos é que passa a haver um grande alinhamento entre a política fiscal e a política monetária para ajudar a estabilizar a economia”, salientou.
Sobre o tema escolhido para a II Edição do Briefing Económico – ‘Angola além do Oil & Gas’ –, o Economista Chefe explicou tratar-se de uma forma de avaliar em que medida os esforços, tanto do Governo como do sector privado, resultam numa redução da dependência do petróleo.
“Obviamente que, ao nível do PIB, é notória uma grande redução do peso do petróleo para menos de 20% do PIB. Muito recentemente, esse peso estava a níveis superiores a 30%, o que revela que esta redução é bastante significativa. E, no caso da receita fiscal, há agora uma maior contribuição da receita não-petrolífera, o que sugere algum avanço nas reformas estruturais para ajudar a dinamizar a economia não-petrolífera. O que nós observamos hoje é que mais de 93% das exportações ainda reflectem o peso do sector petrolífero e esse nível de dependência vai levar muito tempo a reduzir.”
Ainda assim, segundo Fáusio Mussá, “observa-se claramente que Angola está a implementar uma estratégia de substituição de importações e essa estratégia tem o mérito de ajudar a substituir alguns produtos com produção local, alguns produtos importados. Mas, como é natural, leva tempo até que se observe uma maior contribuição do resto da economia nas exportações”.
O Standard Bank prevê, em 2026, alguma estabilidade da produção petrolífera em torno de um milhão de barris por dia, o que, num contexto de preços mais estáveis, permite perspectivar um melhor desempenho do que o inicialmente programado.
“Angola está a posicionar-se para, caso haja alguma evolução mais favorável do preço do petróleo, possa gerar alguma poupança. Na nossa perspectiva, a estratégia que tem sido implementada visa gerar algum espaço fiscal adicional, o que é importante não só para a estabilidade macro-económica, mas também para permitir que haja uma melhoria na oferta de moedas externas no mercado por parte do Tesouro. E isso pode ajudar à estabilidade cambial e à descida da inflação, e a permitir que o Banco Central continue a cortar taxas de juros”, concluiu.
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