“Sem continuidade e permanência de serviço das infra-estruturas, recursos capacitados e enquadramento legal ajustado à realidade económica, dificilmente se terá um processo de digitalização com ganhos para a economia e o país”
Durante o primeiro painel da VII Conferência E&M sobre Transformação Digital, Paulo Moreira, Managing Partner da Forvis Mazars em Angola, destacou a importância da continuidade e permanência das infra-estruturas no processo de digitalização do país, com um foco especial na confiabilidade dos serviços móveis. O especialista alertou que as empresas nem sempre têm garantia de que aquilo que pagam corresponde à qualidade dos serviços recebidos.
Paulo Moreira citou exemplos práticos de falhas, como danos causados por caminhões que destroem infra-estruturas ou a avaria de geradores responsáveis pela alimentação de fontes de transmissão, ressaltando a ausência de soluções para essas questões. “As empresas nem sempre têm a garantia de que aquilo que estão a pagar é aquilo que estão a receber. Isto acontece devido a problemas como danos em infra-estruturas ou falta de investimentos necessários para garantir a continuidade do serviço”, afirmou.
Além das questões relacionadas às infra-estruturas e à banca, Paulo Moreira sublinhou que a digitalização da economia envolve uma abordagem mais ampla, que abarca também a capacitação das pessoas e o uso eficaz das tecnologias. “Para que os investimentos sejam eficazes, é essencial que as infra-estruturas sejam consistentes, contínuas e constantemente actualizadas”, disse.
Numa longa intervenção, Paulo Moreira ainda apontou um factor cultural importante que impacta a transição digital em Angola: a persistente necessidade de documentos em papel. “As pessoas precisam de papel. Vamos ao banco e o primeiro pedido é a fotocópia do Bilhete de Identidade. Em várias situações, ainda nos deparamos com uma forte dependência do papel, o que vai além da questão da infra-estrutura tecnológica”, disse.
O Managing Partner da Forvis Mazars finalizou a sua análise destacando a necessidade de uma abordagem mais holística na digitalização. Para Paulo Moreira, o processo não se limita ao aumento de terminais de pagamento ou à compreensão de tecnologias como o caixa eletrónico (ATM), mas envolve garantir que os provedores de serviços tenham capacidade para oferecer soluções consistentes e de qualidade, que a legislação permita e promova essa transição (ex. arquivo fiscal físico – papel, de 10 anos da informação contabilística, incentivos fiscais para as empresas que foquem no processo de transformação digital, e acima de tudo a criação de uma base de dados populacional que permita a sua utilização e actualização permanente (+nascimentos / -óbitos, entre outros, em tempo real).
A Mesa Redonda, que teve como tema central “As Telcom e o Status Quo da Inclusão Digital em Angola”, levantou questões cruciais sobre a evolução do sector e os desafios que ainda persistem para a transformação digital plena no país.
A Forvis Mazars é uma rede líder global de serviços profissionais que opera sob uma única marca com apenas dois membros: Forvis Mazars, LLP nos Estados Unidos e Forvis Mazars Group SC, uma parceria internacionalmente integrada que opera em mais de 100 países e territórios, com mais de 40.000+ e no ranking internacional no TOP 10.