Cristina Lourenço, Presidente da Comissão Executiva da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), participou esta segunda-feira na 3.ª edição do Doing Business Angola, realizada em Lisboa, onde apresentou as oportunidades de investimento e alternativas de financiamento que o mercado de capitais angolano oferece, tanto para investidores institucionais como para particulares.
Durante a sua intervenção, Cristina Lourenço sublinhou o crescimento expressivo da BODIVA nos últimos anos, destacando que a capitalização de mercado, incluindo o stock de dívida pública admitido a negociação, representa 15,61% do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola, com uma tendência de evolução positiva e sustentada. “A BODIVA está a afirmar-se como um parceiro estratégico para o financiamento da economia nacional, colocando ao dispor dos agentes económicos instrumentos diversificados e eficientes”, afirmou.
Nova oportunidade: emissão de obrigações para o sector do turismo
Entre os temas destacados, a Presidente da Comissão Executiva da BODIVA anunciou a possibilidade de emissão de obrigações para o sector do turismo, estruturadas para atrair investidores nacionais e estrangeiros interessados em financiar projectos com impacto económico e relevância social.
“Esta é uma possibilidade que trouxemos para este fórum. Angola poderá avançar com a emissão de obrigações para o sector do turismo, no quadro do segmento de obrigações sustentáveis. O objectivo é financiar projectos concretos, capazes de atrair investidores não apenas pelo retorno financeiro, mas também pela relevância do seu impacto”, referiu Cristina Lourenço.
A mesma responsável explicou que esta iniciativa exigirá articulação entre o Estado, nomeadamente o Ministério do Turismo, e o sector empresarial, com o apoio de intermediários financeiros para estruturar os produtos de forma adequada e atractiva.
Oportunidades de investimento em expansão
A evolução do mercado de capitais angolano também se reflecte no volume de negócios: em 2024, a BODIVA registou operações equivalentes a 5 mil milhões de euros, sobretudo em obrigações do tesouro, mas também com actividade em acções.
Para além dos valores mobiliários já admitidos a negociação, destacou ainda as novas emissões de Obrigações de Tesouro em Moeda Externa, assim como as OPVs previstas para 2025, nomeadamente, o BFA, Unitel, SBA e TV Cabo, como oportunidades de investimento.
Aproveitou para esclarecer que investidores não residentes cambiais beneficiam hoje de um enquadramento legal mais favorável, permitindo a entrada e repatriamento de capitais sem necessidade de autorização do Banco Nacional de Angola.
Alternativas de financiamento acessíveis e competitivas
Cristina Lourenço reforçou as vantagens que o mercado de capitais oferece às empresas de direito angolano que pretendem financiar-se por via da emissão de acções ou obrigações, tendo destacado os principais benefícios:
• Isenção de Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) na distribuição de lucros/dividendos;
• Redução da taxa de IAC para 5% no pagamento de cupões e mais-valias de obrigações com maturidade superior a 3 anos;
• Acesso a uma base alargada de investidores nacionais e internacionais;
• Aumento da reputação, visibilidade e credibilidade corporativa.
“A BODIVA constitui uma alternativa real e atractiva ao financiamento bancário tradicional, oferecendo soluções flexíveis, maior visibilidade para as empresas emitentes e custos potencialmente mais competitivos”, referiu.
Consubstanciando-se como uma alternativa de financiamento, complementar ao crédito bancário, também para empresas portuguesas domiciliadas em Angola.
Compromisso com o futuro
Entre as próximas metas da instituição está a captação de mais emitentes, a criação de um mercado de derivados para atender as necessidades de gestão de risco dos participantes do mercado e a promoção de instrumentos sustentáveis. A par disso, a BODIVA prosseguirá a sua estratégia de reforço tecnológico e literacia financeira, de modo a facilitar o acesso ao mercado e consolidar a confiança dos investidores.
Recorde -se que A BODIVA – Bolsa de Dívida e Valores de Angola, Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, Sociedade Aberta, é uma sociedade anónima, cujo objecto social consiste na gestão dos mercados regulamentados em Angola, podendo ainda exercer actividades conexas à função que lhe foi atribuída, designadamente, prestação de serviços relacionados com a emissão e a negociação de Valores Mobiliários e outros instrumentos financeiros que não constituam actividade de intermediação financeira; elaboração, distribuição e comercialização de informações relativas a mercados de instrumentos financeiros; desenvolvimento, gestão e comercialização de equipamento e programas informáticos, bem como de redes telemáticas destinadas à contratação e à transmissão de ordens ou de dados, no âmbito do mercado de capitais; gestão de sistemas de compensação e liquidação de Valores Mobiliários e outros instrumentos financeiros, nos termos permitidos pela lei; gestão de sistema centralizado de valores mobiliários; e todos os actos necessários às funções de compensação e liquidação e gestão de sistema centralizado de valores mobiliários.