O advento da internet e o boom das Redes Sociais, aliado ao aumento do acesso às ferramentas tecnológicas como os smarthphones, tablets entre outros, estabeleceram aquilo que eu chamo de nova ordem mundial de pensamento colectivo, o pensamento digital ou tecnológico. Desde então o pensamento analógico morreu!
A vida no mundo sempre foi feita por lutas antagónicas, uma contínua luta entre contrários. Estas pelejas antagónicas estão na base de qualquer desenvolvimento como processo contraditório de transformação da natureza e das sociedades, assim como o sol dá lugar à lua, o dia dá lugar à noite, a luz ao escuro, o pensamento analógico deu lugar ao pensamento digital.
O processo de mudanças de atitude provocado pelo impacto da tecnologia de informação na forma de pensar, adquirir e utilizar conhecimentos está passar por uma transformação radical.
Os exemplos disso no dia a dia são muitos, mas vamos citar apenas o exemplo da comunicação entre as empresas e as pessoas que está cada dia mais baseada nas modernas tecnologias de comunicação e informação, em que os computadores e a internet se situam dentre os ícones mais representativos.
Penso que este estado de coisas que a pandemia trouxe veio nos mostrar que está na hora de uma roptura com um modelo comportamental que está obsoleto, falido. As experiências estão mudadas e precisamos, de agora em diante, incorporar uma nova filosofia comportamental, não há mais espaço nem lugar para haver dois comportamentos ou dois pensamentos antagónicos como o analógico e o digital.
“Há pessoas e ou empresas que até já se encontram em ambiente digital, mas que ainda têm atitude e comportamento analógico”
O mundo é pequeno demais para os dois e só um deve imperar e este império pertence ao pensamento digital. Se não vejamos algumas diferenças comportamentais da era analógica e da era pós-moderna ou digital.
Na era analógica quando quiséssemos ouvir música precisávamos ter, além do nosso telefone e carteira pessoal, um dispositivo chamado walkman que depois virou um discman, que mais tarde se transformou num leitor MP3.
Hoje por hoje não precisamos mais disso pois temos todas as músicas que desejamos apenas num único aplicativo instalado num dispositivo, o telemóvel. E por falar em telemóvel este aparelho ultimamente é mais usado para outros fins que a principal função para a qual ele foi inventado que é fazer chamadas telefónicas.
Assim como aconteceu com o telemóvel, com a massificação da internet e a instauração da era digital, outros hábitos foram alterados, a pesquisa e busca de informação foi emancipada pelo Google, a interação entre pessoas ficou muito facilitada com os chats e aplicativos de mensagens instantâneas, aplicativos como o Netflix, Spotify e as redes sociais trouxeram a conexão e a interação digital.
Apesar desse todo avanço tecnológico e de toda essa presença digital no nosso dia a dia, muitas empresas (vou me focar apenas nas empresas, embora não serem as únicas) insistem em se manter em ambiente ou pensamento analógico.
O ano de 2020 foi completamente atípico, um ano que a pandemia afastou as pessoas e a tecnologia uniu. Essa realidade que se viveu no ano passado, mas que ainda vivemos veio nos mostrar a importância da mudança de comportamento em vários aspectos da vida em sociedade.
No caso das empresas, o novo normal mostrou a importância das instituições se fazerem presentes no ambiente digital. O mundo de hoje é digital, com presença on-line de quase metade da população mundial, não faz sentido quem presta serviços para estas pessoas não entrar neste ambiente.
“Apesar desse todo avanço tecnológico e de toda essa presença digital no nosso dia a dia, muitas empresas insistem em se manter em ambiente ou pensamento analógico”
Só para dar uma noção vou deixar alguns números do que acontece em 60 segundos na internet. Em um minuto na internet muito acontece, segundo sites especializados, em sessenta segundos na web mais de 900 mil logins são feitos no facebook, 3,7 milhões de buscas são feitas na Google, mais de 400 mil tweets são enviados, 4,3 milhões de vídeos visualizados no youtube, 38 milhões de mensagens são trocadas no whatsaap, entre outras actividades.
Há pessoas e ou empresas que até já se encontram em ambiente digital, mas que ainda têm atitude e comportamento analógico, vou citar exemplos. Como pode uma empresa receber mensagens diariamente na sua rede social e nunca responder? Como pode uma empresa fazer postagens tão esporádicas numa rede social tão instantânea como o facebook?
Só um pensamento analógico permite que tal aconteça. Só a falta de um pensamento digital faz com que um comerciante post na sua página de vendas da sua rede social o seu produto, mas pede que as pessoas o liguem para saber o preço do produto exposto, como aceitar isso na internet se até uma quitandeira no mercado já coloca em um pedaço de papelão o preço do monte de tomate ou cebola para facilitar a vida do seu potencial cliente?
Outro exemplo de comportamento digital com pensamento analógico vem do case de uma empresa que abriu um perfil numa rede social, mas pediu que os seus seguidores não encaminhassem para lá as reclamações, mas que o fizessem no seu SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), numa clara demonstração de pensamento retrogrado.
O escritor americano, John Naisbitt afirma que “no século XXI, a informação tecnológica será a responsável pelo processo de mudança da mesma forma que a manucfatura tinha esta responsabilidade na era industrial.”
Pensar digitalmente é expandir, exponencialmente, os horizontes, vislumbrar novas formas de relacionamento, integração e simplificação dos negócios e da vida através do emprego da tecnologia, trabalhar de forma cooperativa, multidisciplinar e ser ágil, muito ágil na implementação e melhoria das soluções. Velocidade e criatividade são as principais características do pensamento digital.
Devemos ter em conta, quando estamos no ambiente digital, que quanto mais controlo tivermos sobre os conteúdos, menos alcance conseguimos. O tripé owned, paid e earned media tem que se fazer sempre presente no nosso pensamento.
Com tudo o que aferimos até aqui, a pergunta que lhe faço é, o teu pensamento é analógico ou digital?
Hélder Guimarães
Consultor de Comunicação
Actualização em Branding/ESPM-SP, Brasil