OPINIÃO | TEXTO – DESLANDES MONTEIRO
“Um dos principais problemas dos nossos governantes, senão mesmo o principal problema, é o conceito errado de comunicação que ainda paira nos gabinetes da administração pública”
A comunicação é feita como se estivessem fazer um favor aos cidadãos. Não há espírito de obrigatoriedade em prestar contas e esclarecimentos ou a manter activa a comunicação com a população.
A única verdadeira obrigação, para estes governantes, é prestar esclarecimentos ao “chefe máximo”, porque ele sim, é o que conta e pode tirar do cargo por tudo e por nada.
É esta atitude, consubstanciada da desconsideração e desrespeito pelos cidadãos, que gera situações como a de ontem, em que após as cheias que causaram 14 mortos ninguém se sentiu na obrigação de se pronunciar, nem que fosse para pelo menos dar um conforto às famílias enlutadas.
“A única verdadeira obrigação, para estes governantes, é prestar esclarecimentos ao “chefe máximo”, porque ele sim, é o que conta e pode tirar do cargo por tudo e por nada”
A situação é transversal, afectando até as empresas públicas, como a SONANGOL, que anuncia uma operação de 600 milhões de USD com dados superficiais e sem fornecer nenhuma informação significante.
Esta péssima gestão da comunicação institucional gera depois a necessidade de reforçar o controlo sobre os órgãos de comunicação social, daí os casos de encerramento, suspensão e apropriação de canais de televisão, como estes que temos vindo a verificar.
Nenhum governante é bom governante se não souber comunicar. A competência profissional pode ser facilmente ofuscada por uma má comunicação. E é o que tem acontecido.