POC NOTÍCIAS: Pedro José Mbinza | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
Radiografia ao ensino superior em Angola é parte do processo de diálogo com os diferentes actores para a elaboração do Livro Branco.
A Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) apresentou na província de Benguela recentemente os resultados do diagnóstico do subsistema do ensino superior, feito com o Banco Mundial, com o objectivo de ampliar o diálogo tendente a construção de uma estratégia de longo prazo para o ensino superior, com base nas opiniões, conselhos e pareceres de todas as partes interessadas a nível nacional.
O diagnóstico revela também que a maior oferta formativa está essencialmente voltada para cursos não STEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemáticas), área de formação que representa apenas 10% do total das graduações, formações que são fundamentais para os desafios de desenvolvimento do país. Quanto ao acesso e equidade, à semelhança dos seus colegas na capital angolana, as partes interessadas do centro, sul e leste do país constataram que a taxa de escolarização no ensino superior é de apenas 9%, o que representa apenas 9,8% dos estudantes que estão no ensino secundário.
Durante o seminário, o Secretário de Estado do Ensino Superior, Eugénio da Silva, defendeu que a melhoria do orçamento é uma aposta que tem que ser feita, formar professores, disponibilizar laboratórios e demais condições de infraestrutura exige um investimento importante e tem sido a principal causa de não termos evoluído nesta matéria, não se pode alcançar excelência e qualidade sem termos um investimento sério em infraestrutura, salientando que é necessário reforçar a capacidade de gestão das instituições.
Já o Professor Catedrático no Instituto Superior de Ciências de Educação em Luanda, Alfredo Gabriel Buza, Alfredo Gabriel Buza, reforçou a importância deste ponto, dizendo que temos pouco dinheiro, mas a nossa realidade é essa. Há um esforço para melhorar. O MESCTI fez o seu trabalho, termina a legislatura criando os instrumentos necessários para que cada um de nós, nas instituições de ensino superior, possamos fazer a fiscalização in situ, para que se faça uma execução adequada dos fundos que nos são atribuídos”.
A consultora, Gorete Capilo Leitão, informou também que as Instituições do Ensino Superior (IES) públicas representam apenas 32% das IES existentes e possuem 40% dos estudantes. A eficácia do subsistema situa-se na ordem dos 9%, sendo que as mulheres possuem uma eficácia relativamente maior que os homens (diferença de 1%), apesar de serem em menor número em todo o subsistema. O maior fosso de género verifica-se nas IES públicas, onde 66% dos matriculados são do sexo masculino.
“É um indicador que sinaliza a predominância dos homens, mas onde as mulheres são muito mais eficientes”
Os dados disponíveis até 2019 indicam ainda que existem no subsistema de ensino superior 11 433 docentes, sendo 40,3% ligados às IES públicas. Destes, 59% são licenciados, 36% mestres e 11% doutores. Por outra, os dados indicam ainda que grande parte dos docentes exerce o magistério em regime de colaboração, em tempo parcial (63%).