A Presidente do Conselho de Administração da Madz Global (SCVM), Anabela Conceição Teixeira, considera que o mercado de capitais angolano deixou de ser apenas uma “promessa” para se afirmar como uma realidade em franca transformação.
Ana Bela aponta que a emissão das obrigações da Sonangol marcou um ponto de confiança e maturidade, ao qual se juntaram a entrada de instituições como o Banco BAI, o Banco Caixa Angola e a ENSA, reforçando a credibilidade do sector.
“Tivemos a abertura do capital do BFA, com alienação de parte das participações da UNITEL e do BPI, paralelamente, o Programa de Privatizações do Governo, (PROPRIV), prevê a colocação em bolsa de diversas empresas, muitas delas com grande solidez e relevância estratégica, o que ampliará a diversidade de activos disponíveis e fortalecerá a confiança dos investidores”, sustentou.
Angola, de acordo com a PCA, oferece hoje um mercado em transformação capaz de unir retorno financeiro, impacto económico e relevância geopolítica, resultado das reformas em curso e da sua posição estratégica em África.
“Com um vasto potencial em recursos naturais, Angola apresenta-se como um destino cada vez mais atrativo para investidores. Neste sentido, vejo três grandes eixos de oportunidades para investidores nacionais e internacionais: Infra-estruturas e energia — Angola tem ainda um défice significativo nestes sectores”, indicou.
Os títulos de dívida estruturados, como obrigações corporativas e project bonds, no seu entender, permitem financiar estradas, portos, logística e energia do petróleo às renováveis, com retornos atrativos e impacto direto no crescimento económico.
“A transição para uma economia menos dependente do petróleo abre espaço para agroindústria, telecomunicações e fintechs. São sectores com forte efeito multiplicador: reduzem importações, expandem serviços digitais e impulsionam a inclusão financeira, oferecendo investimentos de elevada escalabilidade. Integração regional. A posição geoestratégica de Angola na SADC e a adesão à Zona de Comércio Livre do continente criam oportunidades em hubs logísticos, serviços financeiros e plataformas de comércio regional”, ressaltou.
Entretanto, de acordo com Anabela Teixeira, os desafios passam por garantir a estabilidade macroeconómica, gerir o endividamento público e reduzir a dependência do petróleo.
“As oportunidades residem na digitalização dos serviços, na consolidação do mercado de capitais e no acesso a financiamento verde e sustentável. Angola tem condições para se afirmar como hub financeiro e económico da SADC, de alinhar inovação tecnológica, regulação eficiente e integração regional”, frisou.
A médio prazo, disse, Angola pode alcançar taxas de crescimento moderadas, com destaque para setores não petrolíferos, agricultura, energias renováveis, infra-estruturas, turismo e logística, que serão motores de desenvolvimento e atracção de investimento