A Administração do Jango Veleiro, um dos espaços de restauração mais emblemáticos da Ilha de Luanda, veio a público clarificar as informações que têm circulado nas redes sociais sobre o possível encerramento do restaurante, alertando para os impactos sociais, económicos e reputacionais que tal cenário pode gerar.
Em comunicado, o Grupo Veleiro confirmou que, desde Maio de 2025, se encontra a braços com constrangimentos operacionais severos, resultantes da decisão do Tribunal Provincial de Luanda de congelar as contas bancárias da empresa, no âmbito de um processo judicial interposto por um ex-funcionário, que reclama indemnização por despedimento alegadamente ilícito.
A referida decisão judicial tem inviabilizado o cumprimento regular de obrigações essenciais, como o pagamento de salários aos cerca de 300 colaboradores e a aquisição de bens e serviços junto de fornecedores, afectando milhares de angolanos de forma directa e indirecta. A Administração alerta que estas consequências ocorrem num momento em que o País enfrenta dificuldades macroeconómicas, marcadas por alta inflação, quebra do rendimento das famílias e retração do investimento privado.
Paralelamente, o Jango Veleiro tem sido alvo, segundo a nota, de acções inspectivas sistemáticas por parte de entidades municipais, provinciais e governamentais, que, embora legítimas no seu princípio, têm acontecido com uma frequência e intensidade consideradas injustificadas, agravando ainda mais a situação da empresa.
A Administração do Grupo Veleiro reitera o cumprimento rigoroso da legalidade e apela à revisão das medidas aplicadas, defendendo que a actual pressão institucional ameaça não apenas a continuidade do restaurante, mas também o ambiente de negócios em Angola, num momento em que o investimento privado – nacional e estrangeiro – é crucial para a recuperação económica do País.
Projecto Hilton e futuro dos trabalhadores
No mesmo comunicado, o Grupo Veleiro recorda que está prevista, desde Novembro de 2023, a construção, no local onde hoje funciona o Jango Veleiro, de uma unidade hoteleira de cinco estrelas com a marca internacional Hilton Hotels & Resorts. Este projecto, financiado por um sindicato bancário internacional, prevê criar 1.180 novos postos de trabalho, com a integração prioritária do maior número possível dos actuais colaboradores.
A implementação deste investimento aguarda, contudo, pela emissão de licenças oficiais, estando a sua execução suspensa enquanto os actuais bloqueios persistem.
A Administração assegura que mantém diálogo permanente com os colaboradores e reafirma o compromisso com o cumprimento das obrigações legais, apelando à resolução célere dos constrangimentos actuais. Ao mesmo tempo, expressa esperança numa solução equilibrada que permita garantir a continuidade da actividade, preservar os postos de trabalho e restaurar a confiança dos investidores no País.
Apesar das adversidades, o restaurante Jango Veleiro continua aberto ao público, enquanto a sua direcção trabalha activamente para evitar o encerramento definitivo.