Organizado pela Agência de Protecção de Dados (APD), o evento reuniu especialistas nacionais e internacionais para discutir como as Centrais Privadas de Informações de Crédito (CPIC) podem transformar o ambiente financeiro em Angola.
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Na abertura do fórum, o Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, afirmou que “o fortalecimento da confiança entre instituições financeiras e cidadãos depende directamente da qualidade da informação partilhada”.
O representante da International Finance Corporation (IFC), do Grupo Banco Mundial em Angola, Vasco Nunes, reforçou que a criação de sistemas de crédito eficazes “está no centro da construção de economias mais inclusivas e resilientes”, destacando o contributo do programa B_READY para o desenvolvimento dessas estruturas no país.

Ao longo de vários painéis, foram abordados temas como a estabilidade financeira, a gestão de risco e a importância da educação financeira. O economista Carlos Rosado de Carvalho destacou que as informações de crédito, quando organizadas e utilizadas de forma estratégica, têm o potencial de dinamizar o tecido empresarial e mitigar os riscos enfrentados por investidores e entidades credoras.
O especialista internacional Elias Sfeir trouxe ao debate experiências de outros países, realçando a importância de uma regulamentação eficaz. As boas práticas internacionais foram apresentadas como exemplos a seguir, mas alertou-se para os riscos de modelos mal adaptados que podem comprometer a confiança no sistema.
A complexidade do contexto angolano foi abordada por Amaro Figueiredo, que salientou a necessidade de maior transparência entre os intervenientes do sistema de crédito e de um esforço concertado em prol da literacia financeira, visando proteger o consumidor e garantir o equilíbrio nas relações de crédito.
Adriana Dias, presidente do Bureau de Angola, apresentou casos práticos que demonstram os benefícios que a organização e partilha de dados de crédito podem gerar, tanto para as empresas como para os consumidores. A transformação digital e a utilização de dados foram apontadas como ferramentas-chave para a evolução do sector.
Veloso Pedro, em representação do Banco Nacional de Angola, sublinhou a importância de uma acção coordenada entre a Central de Informação e Risco de Crédito (CIRC) e as CPIC, defendendo a complementaridade entre os dois sistemas como um caminho para um ambiente financeiro mais robusto, transparente e previsível.
Por fim, Carla Castro Paiva, também do Bureau, apresentou os progressos já realizados na implementação das CPIC, mas apontou obstáculos ainda existentes, como a resistência de algumas instituições e a fraca adesão do público, factores que continuam a dificultar a plena operacionalização do sistema.