Pressionados pelo banco central, os 25 bancos comerciais continuam a dar crédito, mas em ritmo inferior aos registados antes da crise. De Janeiro a Agosto, financiamento não ultrapassou pouco mais do que 3%.
POC Notícias: Moises Tchipalavela
O stock de crédito do agregado dos 25 bancos comerciais angolanos cresceu apenas 3,2% entre Janeiro e Agosto deste ano, impulsionado pelas medidas do Banco Nacional de Angola (BNA) e pequenas iniciativas internas de crédito, mas nada que igual aos valores desembolsados antes dos efeitos da pandemia da Covid-19, de acordo com cálculos da POC Noticias, com base no relatório monetárias e financeiras do banco central.
Até 31 de Agosto do ano curso, o stock total de empréstimos da banca nacional estava situado nos 4,8 biliões de Kwanzas, um ligeiro avanço de 0,1% comparativamente ao mês anterior, o que, na visão de analistas consultados pela POC Noticias, revela a quebra do apetite pela banca na concessão de novos créditos.
Se entre Julho e Agosto o crédito não chega sequer a 1%, se recuarmos 18 meses, precisamente há um ano e seis meses, as estatísticas do banco central revelam um stock de crédito em ascensão. Ou seja, em Março de 2020, antes dos efeitos da crise da pandemia e do primeiro estado de emergência em Luanda, os bancos angolanos colocaram ao mercado crédito uma cifra de pouco mais de cinco biliões de Kwanzas.
“Em Março de 2020, antes dos efeitos da crise da pandemia e do primeiro estado de emergência em Luanda, os bancos angolanos colocaram ao mercado crédito uma cifra de pouco mais de cinco biliões de Kwanzas”
A ajudar no crescimento das estatísticas de Agosto deste ano está o credito para o sector do Comercio por grosso e retalho, que, sozinho, e em primeiro lugar, responde por quase 24% da totalidade do stock de financiamentos que o agregado de bancos colocou à disposição da economia, correspondentes a quase 1,2 biliões de Kwanzas.
Por sua vez, o crédito ao consumo, que no relatório do BNA é descrito como crédito a particulares, também ajudou na subida do stock no período. Só o crédito a particulares, responde a 18,4% do total de crédito em Agosto, e é a segunda rubrica que mais contribuiu para avanço dos números no período, com um total líquidos de créditos avaliados em 894.886,3 milhões de Kwanzas.
“Um dos argumentos para o travão no crédito está relacionada com a actual situação económica do país, que, este ano, caminha para sua sexta recessão consecutiva”
Depois seguem-se outros sectores como o crédito à Construção, com um total de 616.034,43 milhões de kwanzas, na terceira posição, lugar que, na visão de analistas do sector empresarial privado e do mercado bancário, devia pertencer à agricultura e à indústria, considerando o défice de bens de primeira necessidade produzidos no país.
“Não faz sentido temos um sector das obras com estes montantes quando estas iniciaitivas só servem para albergar escritórios. O que nós precisamos, de facto, são investimentos no sector da agricultura e maior incentivo à produção. Com esses níveis de financiamentos, não chegámos lá”, disse à POC Noticias uma fonte da Confederação Empresarial de Angola.
Bancos justificam baixo crédito com malparado
Para os especialistas das áreas de crédito consultados pela POC Noticias, um dos argumentos para o travão no crédito está relacionada com a actual situação económica do país, que, este ano, caminha para sua sexta recessão consecutiva. Segundo os analistas, a deterioração das condições das empresas e das famílias, num cenário de crise económica e de pandemia, com aumento do desemprego, não instituição bancária que se aventure na libertação de altas somas para crédito.
Nesta base, e face a crise, a estratégia de muitos bancos tem passado pela reestruturação de vários projectos e até mesmo de execução de várias garantias de créditos ao investimento que se encontram irregulares.
POC Notícias
Texto: Moises Tchipalavela