POC NOTÍCIAS: Domingos Barros | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
Crises humanitárias estão a causar impacto devastador e desproporcional em mulheres e meninas que têm maiores limitações para acessar serviços que salvam vidas e participar de decisões que afectam as suas vidas.
Desastres naturais, intensificados pelas mudanças climáticas, conflitos e a contínua pandemia de coronavírus, estão a aumentar as necessidades humanitárias e o deslocamento das populações em todo o mundo, causando um impacto devastador e desproporcional em mulheres e meninas que têm maiores limitações para acessar serviços que salvam vidas e participar de decisões que afectam as suas vidas.
Segundo uma nota de imprensa que o POC NOTÍCIAS teve acesso, todos os dias, mulheres e meninas que vivem em situações humanitárias enfrentam riscos crescentes para a sua segurança, dignidade e bem-estar.
“Frequentemente, cuidados de saúde sexual e reprodutiva essenciais e que salvam vidas não são uma prioridade em situações de conflito e desastre. O acesso a serviços essenciais de saúde, por parte das mulheres e meninas torna-se reduzido ou, dependendo do contexto, inviável com consequências devastadoras”, lê-se na mesma nota.
Em Angola a assistência humanitária faz parte do mandato do UNFPA, a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas. Uma comparação dos dados pluviométricos desde 1981 indica que de Outubro de 2020 a Maio de 2021 as províncias do sudoeste de Angola sofreram a pior seca dos últimos 40 anos.
O documento alerta ainda que “a situação de insegurança alimentar está a agravar tanto os desequilíbrios de género já existentes quanto as taxas de Violência Baseada no Género (VBG): mulheres e meninas rurais estão a ser forçadas a se engajar em novas actividades económicas tradicionalmente vistas como actividades masculinas, como a produção e venda de carvão. Além disso, estão a migrar em busca de comida para cidades próximas ou mesmo no país vizinho (Namíbia). Portanto, a intervenção do UNFPA visa reduzir e mitigar o impacto na exposição de grupos vulneráveis a riscos potenciais; notavelmente mulheres e meninas aumentaram a exposição à VBG”
Para amenizar esta situação o UNFPA desenvolveu um projecto de reposta rápida à emergências através do fundo CERF com o objectivo de fornecer intervenções em saúde sexual e reprodutiva que salvam vidas em cinco províncias-alvo do sul de Angola (Cunene, Namibe, Huíla, Benguela, e Huambo).
O projecto foi elaborado para abordar ações imediatas em toda a resposta humanitária. O projecto visa integrar a protecção, incluindo a prevenção da VBG em outros sectores, garantindo a existência e aplicação de critérios de vulnerabilidade padronizados e oficialmente endossados na resposta humanitária.
“O UNFPA, especificamente, tem como alvo 113,337 mulheres grávidas e 25,500 jovens meninas para intervenções de prevenção da VBG, além de 5,000 homens e rapazes que serão alcançados com mensagens-chave que salvam vidas sobre SSR e VBG”
O UNFPA está a implementar em simultâneo, nas províncias de Cunene, Huíla e Namibe, um projecto do Governo de Angola para reforço dos serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva nas áreas de Seca financiado pelo Banco Mundial. Este projecto de intervenção rápida financiado pelos fundos do CERF complementará as actividades em curso nessas províncias, expandindo as actividades de apoio em
Benguela e Huambo.
O objectivo final será o de beneficiar as gestantes com kits de parto limpo, distribuir 25,500 Kits de Dignidade que promovem a saúde e higiene durante a menstruação em 25 municípios-chave das 5 províncias, a realizar 780 palestras de sensibilização sobre Saúde Sexual e Reprodutiva, prevenção da VBG, gravidez na adolescência, abuso e exploração sexual, além da prevenção da COVID-19. Adicionalmente, as palestras abordarão o tema da paternidade responsável e incluem a distribuição de 15,233 panfletos sobre SSR e VBG.
O UNFPA (Fundo das Nações Unidas para a População) é a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas. Desde a sua criação, em 1969, tem sido um actor chave nos programas de desenvolvimento relacionados com os temas de saúde sexual, reprodutiva, igualdade de género e dinâmicas populacionais nos 155 países em que opera. A missão do UNFPA é proporcionar um mundo onde toda gravidez seja desejada, todo parto seja seguro e o potencial de cada jovem seja realizado.