O Chade enfrenta uma crise profunda no acesso ao saneamento, com 82% da população sem instalações sanitárias adequadas, 63% ainda a praticar a defecação a céu aberto e apenas 11% com acesso a serviços seguros, segundo informações reveladas durante o primeiro Fórum Nacional sobre Saneamento, realizado recentemente, em N’Djamena.
Esta realidade traduz-se em perdas económicas anuais estimadas em 129,5 milhões de dólares, comprometendo a saúde pública, o ambiente e o desenvolvimento do país. O BAD reafirmou o seu compromisso em apoiar o país, lembrando investimentos já realizados: o PNAER, com financiamento de 21,67 milhões de dólares, permitiu construir 366 latrinas, 570 lavatórios e reduzir pela metade a prevalência de doenças hídricas. Já o PAEPA SUMR, em execução em 11 províncias frágeis, prevê investimentos de 23,26 milhões de dólares na primeira fase e 38,32 milhões de dólares na segunda, integrando economia circular, adaptação climática e capacitação feminina.
Os participantes recomendaram a criação de um Gabinete Nacional de Saneamento, a inclusão de uma linha orçamental específica equivalente a 0,5% do PIB, o reforço da legislação e campanhas nacionais contra a defecação a céu aberto. Segundo Claude N’Kodia, responsável interino do BAD no Chade, “garantir o acesso universal a serviços de saneamento geridos com total segurança não é uma utopia, mas um objectivo perfeitamente realizável”.
Com estas medidas, o fórum marca um passo decisivo para transformar um desafio estrutural num roteiro nacional de soluções sustentáveis, alinhado com os compromissos do BAD e da comunidade internacional para reduzir desigualdades e melhorar a saúde pública no país.