O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aprovou um pacote financeiro de 19,6 milhões de euros destinado à Fase II do Projecto de Expansão da Cabeólica, uma iniciativa pioneira em Cabo Verde que integra geração de energia eólica com sistemas de armazenamento em baterias (BESS), a uma escala sem precedentes no país.
O financiamento agora aprovado compreende um empréstimo directo de aproximadamente 12,6 milhões de euros do Banco Africano de Desenvolvimento e uma componente de 7 milhões de euros em financiamento concessional, proveniente do Fundo para a Energia Sustentável em África (SEFA), gerido pelo mesmo grupo.
Com base nos êxitos alcançados pela primeira fase do projecto, inaugurada em 2012, a Fase II irá acrescentar 13,5 megawatts (MW) de capacidade de geração eólica e 26 megawatts-hora (MWh) de armazenamento energético em baterias ligadas à rede eléctrica nacional. Esta expansão deverá produzir mais de 60 gigawatts-hora (GWh) de energia limpa por ano, reduzindo significativamente a dependência de geração térmica dispendiosa e cortando cerca de 50 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO₂) anualmente.
Segundo Wale Shonibare, Director de Soluções Financeiras, Políticas e Regulação Energética do BAD, “este projecto é uma prova da visão de longo prazo de Cabo Verde para descarbonizar o seu sector energético e aumentar a sua resiliência. Também demonstra como o investimento do sector privado, impulsionado por financiamento concessional estratégico, pode gerar soluções energéticas sustentáveis e economicamente viáveis para economias insulares”.
Daniel Schroth, Director do Grupo Banco para Energias Renováveis e Eficiência Energética, reforçou que “o apoio do SEFA à integração de armazenamento em baterias fortalece a segurança energética e a fiabilidade da rede em Cabo Verde, ao mesmo tempo que contribui para a redução dos custos de produção”. Acrescentou ainda que o projecto ilustra o valor da combinação adequada de financiamento e inovação tecnológica para garantir a sustentabilidade a longo prazo do sector energético.
Já Ayotunde Anjorin, Presidente da Cabeólica e Director Financeiro da Corporação Financeira Africana, entidade accionista da iniciativa, sublinhou o carácter pioneiro da empresa: “Como primeira PPP de energia renovável à escala comercial na África subsaariana, a Cabeólica orgulha-se de liderar novamente um projecto transformador, que integra não apenas capacidade eólica adicional como também soluções de armazenamento. Este modelo alinha-se com os objectivos estratégicos de Cabo Verde e serve como exemplo replicável para a região.”
A Fase II da Cabeólica será implementada em cinco instalações distribuídas por quatro ilhas do arquipélago: uma expansão eólica na ilha de Santiago e a instalação de sistemas BESS em Santiago, Sal, Boa Vista e São Vicente. Estes sistemas permitirão à rede nacional beneficiar de serviços auxiliares, como a regulação de tensão e resposta de frequência, maximizando o aproveitamento da energia eólica e mitigando desperdícios energéticos. As actualizações são especialmente importantes num contexto em que o sistema eléctrico cabo-verdiano continua fortemente dependente de combustíveis fósseis importados.
Detida pela Corporação Financeira Africana, A.P. Moller Capital e entidades públicas cabo-verdianas, a Cabeólica S.A. é a primeira produtora independente de energia do país. A segunda fase do projecto terá o suporte de um contrato de aquisição de energia e serviços de armazenamento com duração de 20 anos, celebrado com a empresa pública Electra S.A., a preços abaixo da média nacional de produção.
Este investimento integra-se nos esforços de Cabo Verde para alcançar a meta de 50% da produção eléctrica a partir de fontes renováveis até 2030, em linha com os compromissos climáticos assumidos pelo país no âmbito do Acordo de Paris.
O projecto está igualmente alinhado com a prioridade estratégica do BAD de “Iluminar e Electrificar África”, uma das cinco grandes metas do grupo, bem como com a sua Estratégia Decenal e com o pilar ‘Green Baseload’ do SEFA.