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O Banco Africano de Desenvolvimento e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) assinaram hoje um empréstimo de 350 milhões de dólares para financiar o apoio do Banco às operações do sector privado em África.
O empréstimo insere-se no âmbito da iniciativa de Assistência Reforçada ao Sector Privado (EPSA), que é uma componente da Ajuda Pública ao Desenvolvimento do Japão para África. A quinta versão da EPSA, num montante de 4 mil milhões de dólares, foi assinada pelo Banco e pela JICA na Oitava Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano (TICAD 8), realizada em Tunes, em Agosto do ano passado.
A cerimónia de assinatura do empréstimo concessional para o setor privado teve lugar na sede da JICA em Tóquio, entre o Presidente da JICA, Tanaka Akihiko, e o Akinwumi Adesina, Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento. O Adesina está no Japão para discutir oportunidades de investimento em África com altos funcionários governamentais, grandes empresas japonesas, parceiros de desenvolvimento, parlamentares e o corpo diplomático africano.
Tanaka disse que o empréstimo representava um passo crucial nos esforços do Japão para trabalhar com o Banco Africano de Desenvolvimento para apoiar África, uma vez que o continente enfrenta o desafio de navegar em múltiplas crises compostas, incluindo a sustentabilidade da dívida e o impacto da guerra na Ucrânia.
“O sector privado em África é fundamental na criação de emprego para a prosperidade e o progresso de África. Embora o sector privado se tenha confrontado com pressões económicas e sociais sem precedentes, estamos confiantes de que as operações não soberanas do Banco, apoiadas por este empréstimo concessional, desempenharão um papel essencial na resolução destas questões prementes”, disse o Tanaka.
Adesina agradeceu ao governo do Japão, bem como à JICA, pelo seu apoio contínuo ao Banco e a África e convidou a JICA a colaborar com o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento noutras áreas críticas, tais como o aperfeiçoamento dos compactos de garantia de alimentos e agricultura desenvolvidos pelos países africanos durante uma cimeira alimentar realizada em Janeiro, no Senegal, para combater a insegurança alimentar do continente.
“O apoio da JICA será crucial para a implementação das Zonas Especiais de agroprocessamento industrial, que serão o maior factor de mudança na agricultura africana. Transformará as economias rurais, reduzirá as perdas de alimentos, processará e acrescentará valor às culturas produzidas nas zonas rurais e criará emprego”
“Apoiem os jovens para que se dediquem à agricultura. Os jovens são o melhor activo de África, mas não têm acesso a financiamento. O Banco está a criar bancos de investimento para o empreendedorismo dos jovens, a fim de lhes proporcionar apoio financeiro e técnico ao longo de todo o ciclo empresarial”, acrescentou o líder do Banco.
O Tanaka concordou com as áreas destacadas pelo presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, afirmando que eram importantes para a agenda de colaboração futura do Japão com África.
Sobre a necessidade de criar empregos para os jovens, o presidente da JICA disse que “É um disparate não tirar partido da juventude activa em África. Em África há uma abundância de jovens, enquanto no Japão há uma abundância de população idosa”.
Tanaka afirmou que era importante explorar formas de promover a interação entre os estudantes universitários do Japão e os de África para fomentar o intercâmbio de conhecimentos e competências.
Para Tanaka a JICA deveria realizar mais discussões com o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento para analisar outras questões levantadas por Adesina, incluindo a digitalização das operações de cuidados de saúde primários e a criação da Fundação Africana de Tecnologia Farmacêutica, cuja sede será instalada na capital do Ruanda, Kigali.
Recorde-se que a JICA e o Banco Africano de Desenvolvimento assinaram o primeiro empréstimo de assistência ao sector privado em 2007. Até à data, o Banco e o Governo do Japão assinaram oito empréstimos não soberanos num total de 1,85 mil milhões de dólares. Até agora, os empréstimos contribuíram para apoiar 51 projectos, principalmente linhas de crédito e capital próprio para instituições financeiras de desenvolvimento regional, fundos de capital privado e financiamento de projectos para parcerias público-privadas de infraestruturas.
O apoio do Japão a África, canalizado através do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento por intermédio da EPSA, consiste em três componentes principais: um sólido mecanismo de cofinanciamento ao abrigo do Acordo-Quadro de Cofinanciamento Acelerado; o Fundo de Assistência ao Sector Privado Africano, que tem sido fundamental no fornecimento de assistência técnica e conhecimentos especializados aos promotores de projectos em toda a África em vários sectores, e o Financiamento do Investimento do Setor Privado.
O Governo do Japão é um dos maiores apoiantes do Banco. Contribuiu para o maior aumento geral de capital de sempre do Banco, em 2019. Em Dezembro de 2022, o Japão contribuiu com 534 milhões de dólares para a décima sexta reconstituição do Fundo Africano de Desenvolvimento, no valor de 8,9 mil milhões de dólares.