Sistema bancário fechou Agosto com o nível de malparado a rondar os 20,22%, que representa o maior volume de empréstimos irregular de toda a banca angolana este ano. Se o Stock de crédito no período era de 4,8 biliões Kz, significa que 980 mil milhões estão irregulares.
POC Notícias: Moisés Tchipalavela
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Foto: D.R
O agregado dos 25 bancos comerciais que operam em Angola fechou Agosto com um total de crédito de cobrança duvidosa de quase 980 mil milhões de Kwanzas, considerando o nível de 20,22% do malparado sobre o total do stock de empréstimos libertados pelos bancos no período, indicam dados do Banco Nacional de Angola (BNA), calculados e analisados pelo POC Notícias.
Até Agosto do ano que corre, o stock de crédito da banca nacional estava situado nos 4,8 biliões de kwanzas. Com um volume de crédito malparado fixado nos 20,22%, significa que perto de um bilião, precisamente 980 mil milhões de kwanzas poderão não ser recuperados pelos bancos comerciais de onde esses activos foram identificados.
Se calculados em dólares, o total de crédito de cobrança duvidosa no país, e que já está a despertar o alarme na banca para um novo ‘travão’ nesse tipo de iniciativas, ronda os 1.661 milhões de dólares.
“Se calculados em dólares, o total de crédito de cobrança duvidosa no país, e que já está a despertar o alarme na banca para um novo ‘travão’ nesse tipo de iniciativas, ronda os 1.661 milhões de dólares”
Actuam no mercado angolano um total de 25 bancos comerciais, mas os dados do banco central a que o POC Noticias teve acesso não revela, nem explica as origens dos também designados crédito de cobrança duvidosa.
Entretanto, o histórico da banca nacional aponta o Banco de Poupança e Crédito como o player do sector bancário que dispunha de uma considerável carteira de crédito malparado. Aliás, e por conta do nível dos empréstimos de cobrança duvidosa o banco público ficou penalizado nos últimos exercícios financeiros, arrastando para baixo o lucro de todo o sistema no último.
A justificar o agravamento da situação do crédito no país está, conforme análise do analista consultado pelo POC Notícias, a actual situação económica do país, que vive, desde o cacimbo de 2014, uma “crise avassaladora a vários níveis”.
O país deixou de ter receitas económicas que o possibilitam a manutenção das operações normais de mercado, o que se arrastou aos operadores económicos, como empresas e famílias, que deixaram de ter seus rendimentos e com isso o adiamento das prestações de crédito junto da banca.
Até finais de Dezembro do ano passado, o Banco BIC foi o líder na cedência de crédito num total dos 25 bancos comerciais. No período, o banco de Fernando Teles fechou o balanço com um total de crédito na ordem dos 662.838 milhões de kwanzas, seguido pelo Banco Millennium Atlântico (BMA), que registou um stock de crédito na ordem dos 454.271 milhões de Kwanzas.
Já o BPC, que por anos liderou essa rubrica na banca nacional, já pôde registar um total de crédito de 64.608 milhões, isto em 2020, valores muito abaixo face ao total registado pelo banco de média dimensão, o Standard Bank Angola (SBA), um total de 140.309 milhões de Kwanzas.