Reservas Internacionais Líquidas (RIL) continuam a ressentir-se da crise económica resultante do declínio da produção e queda das receitas em moeda estrangeira que o sector petrolífero nacional tem gerado. Só na primeira metade de Novembro, evaporaram-se 6% das RIL, que agora só já cobrem pouco mais de 11 meses de importação.
POC Notícias: Moisés Tchipalavela
Foto: D.R
Angola já perdeu, desde o início de Novembro, 657 milhões de dólares das suas Reservas Internacionais Líquidas (RIL), o que corresponde a uma redução de 6% sobre o total desses activos que estavam contabilizados no início do mês, de acordo com cálculos do POC Notícias, com base no mapa de evolução diária das RIL do banco central.
Até 3 de Novembro, as RIL estavam contabilizadas em 10.314,75 milhões de dólares, e davam para cobrir até pouco mais de um ano de importação de bens e serviços ao exterior. Passados pouco menos de 15 dias, ‘desapareceram’ das RIL pouco mais de 6%.
Ou seja, até à semana passada, precisamente no dia 9 deste mês, o país só já contava com 9.657,82 milhões de dólares das RIL. Na prática, as reservas internacionais de Angola, que antes cobriam um ano de importação de bens diversos, só já cobrem pouco menos de 11 meses de importação.
Os dados preliminares das RIL não anexam explicações sobre a queda ou subida, nalguns casos, desses activos. Entretanto, ao POC Noticias, analistas financeiros e peritos contabilistas ligados à banca nacional admitem que a queda nas RIL está relacionada com o facto de o país estar a atravessar uma crise económica que já dura há mais de cinco anos, com enfoque para o sector petrolífero que deixou de gerar as receitas iguais as de 2013 e 2014.
O declínio da produção de petróleo nos vários blocos angolanos também está entre as causas da redução das receitas que, consequentemente, pressionam as RIL. Por exemplo, nos primeiros três meses deste ano, foram produzidos no país menos 245 mil barris diários face aos produzidos no mesmo período do ano passado.
Ou seja, foram quase menos mil milhões de dólares que não entraram nos cofres públicos. Só isso, apontam os analistas, diminui a capacidade do banco central de solver as despesas necessárias em moedas externas para os mais variados compromissos do país. Aliás, sem avançar em concreto a justificação para a queda neste início de Novembro, fonte do BNA explica que que a queda das RIL “normalmente tem a ver com a despesa do Tesouro Nacional, as despesas com as embaixadas, ou a colocação de divisas no mercado cambial para fazer face às despesas internas.”
Por seu turno, outro grupo de analistas defende que a recuperação ou aumento das RIL passa pelo aumento da produção interna, já que, como argumentou outro economista ligado ao Banco da China, “é importante garantir que o Estado Angolano tenha reservas em moeda estrangeira que lhe permitam, quando surgir a necessidade, honrar com a dívida com o FMI e outros credores”, daí que o País ter que cumprir com os limites mínimos impostos no programa de financiamento ampliado, já que se trata de um dos critérios de desempenho do programa.