Angola corre o risco de perder o comboio da transformação digital se não investir, de forma urgente e estratégica, em Inteligência Artificial (IA), dados e capacitação humana. O alerta foi lançado por Sérgio Lopes, CEO da New Cognito, durante o VIII Fórum Telecom, realizado na passada sexta-feira, dia 26, em Luanda.
Ao intervir na mesa-redonda “O Triângulo da Digitalização — Serviços Digitais, IA e Telecomunicações”, o responsável foi claro ao afirmar que o País vive uma realidade desequilibrada, onde 69% do investimento tecnológico feito nos últimos quatro anos foi canalizado exclusivamente para infra-estruturas de telecomunicações, enquanto a aposta em IA e dados ficou-se pelos 4%, e em transformação digital pelos 19%.
“O investimento em Inteligência Artificial e digitalização é praticamente inexistente. E é fundamental olharmos para a base que são as pessoas e para a sua capacitação”, reforçou Sérgio Lopes.
Segundo o CEO, há um défice estrutural de preparação académica e técnica para lidar com os desafios actuais. “Hoje, a academia e os institutos do ensino médio não têm programas curriculares adaptados para o desafio que temos pela frente. Falar de IA sem preparar as pessoas é estar a caminhar no escuro.”
O cenário é agravado por uma fraca presença da tecnologia nos centros de decisão: “Nos boards das principais instituições nacionais, a presença de profissionais da área tecnológica é praticamente nula”, denunciou.
Outro dos pontos críticos é a ausência de uma estratégia nacional clara para a digitalização e a Inteligência Artificial. “O que temos são casos isolados de adopção. Não sabemos, efectivamente, onde nos queremos posicionar enquanto País”, afirmou.
Sérgio Lopes sublinhou também que a fragilidade do sistema financeiro nacional é um entrave adicional. “A capacidade de financiamento para grandes projectos é limitada. O sector financeiro representa apenas 30% do PIB, enquanto noutras regiões ultrapassa os 100 ou 200%.”
Na sua análise, o CEO da New Cognito deixa um apelo “Ou Angola apanha esta onda e prepara-se estrategicamente para a revolução digital ou ficará estagnada, sem competitividade num mundo cada vez mais impulsionado pela tecnologia.”





