| ENTREVISTA|
| JOAO RIBEIRO, DIRECTOR DOS CANAIS ‘KWENDA MAGIC’ EM ANGOLA E ‘MANINGUE MAGIC’ EM MOÇAMBIQUE |
“A Multichoice não investe apenas nos mercados mais rentáveis. Note que o investimento em conteúdos para uma região que fala português acarreta consigo um investimento muito maior pois muitos formatos não podem ser apenas exibidos com legendas ou dublados em Português fazendo assim o reaproveitamento de conteúdos existentes”
Em entrevista exclusiva ao POC NOTÍCIAS, João Ribeiro, falou sobre os dois novos canais da Multichoice, lançados recentemente com conteúdos locais e das 400 pessoas que desde já foram empregadas num regime de produção de média intensidade.
Domingos Barros | 27 de Janeiro 2022
Com o lançamento dos dois canais para Angola e Moçambique, quais são daqui por diante os grandes desafios ?
Fazer crescer o conteúdo local nos dois canais trazendo diversificação de formatos e temas sempre naquilo que é a especialidade do Canal, o Entretenimento. Indo ao encontro daquilo que a audiência gosta, valorizando a arte e os seus artistas.
Investir em novos conteúdos num período difícil marcado pela pandemia, demostra um compromisso responsável por parte da Multichoice para com os seus clientes. O que representa para a empresa estes novos investimentos, quer em termos de receitas como de expansão dos vossos serviços?
Um dos objectivos da Multichoice é ser o maior contador de histórias do continente e apostar na formação e no desenvolvimento das indústrias criativas locais. Com a introdução de canais dirigidos especificamente às audiências nacionais, suprimos uma demanda antiga e trazemos uma maior oferta de conteúdos, não só para o conjunto de programas da Multichoice, como para a audiência nacional.
O nosso investimento é transversal pois a criação de um canal com estes objectivos, pressupõe que haja condições para que ele se mantenha activo e atraia audiências. Temos portanto de criar condições tecnológicas para a sua existência, de formação para que haja capacidades disponíveis no mercado e que essa mesma capacidade seja capaz de trabalhar dentro dos nossos padrões de qualidade, que haja uma produção constante dada a quantidade de horas necessárias à exibição e, por fim, que haja um atendimento e acompanhamento adequado ao cliente.
Portanto, o investimento é grande e também responsável pois pretende que se obtenham um retorno também a diferentes níveis que vão para além do financeiro. O papel que desempenhamos como sendo o maior operador de Pay-tv no mercado africano, coloca-nos numa posição de enorme responsabilidade, mas também de grande pressão que nos obriga a enfrentar desafios cada vez maiores. A pandemia é mais um desses desafios cujas consequências não se podem ignorar e que, apesar do risco, nos estimulam a criar soluções de forma a garantir a continuidade necessária ao desenvolvimento de todas as partes.
Qual foi o valor de investimento para a criação destes novos canais e claro para os conteúdos que os mesmos vão transmitir?
Os conteúdos desses novos canais serão todos eles ligados ao entretenimento como já dissemos com especial foco para conteúdos de Ficção (novela e séries), Reality, Moda, Design, Comédia e Música. Com o evoluir dos canais mais géneros se juntaram a esta lista para que a audiência se reveja neles. Quanto ao investimento e como já se disse, ele é transversal. O reforçar de meios humanos e materiais, a formação, o desenvolvimento das histórias e ou sua adaptação, a aquisição de direitos e/ou serviços, aquisição de conteúdos, etc. Quanto ao valor desse investimento, a Multichoice é uma empresa cotada em Bolsa!
“Um dos objectivos da Multichoice é ser o maior contador de histórias do continente e apostar na formação e no desenvolvimento das indústrias criativas locais”
Angola e Moçambique têm sido países que beneficiam de muitos conteúdos locais disponibilizados pela Multichoice. São os mercados mais rentáveis?
A penetração das nossas plataformas em África é grande dada a necessidade que o público tem de aceder a sinais de TV fiáveis e de qualidade mas também está ligada à densidade populacional e à capacidade de aquisição da população em cada país. Porém, a Multichoice não investe apenas nos mercados mais rentáveis. Note que o investimento em conteúdos para uma região que fala português acarreta consigo um investimento muito maior pois muitos formatos não podem ser apenas exibidos com legendas ou dublados em Português fazendo assim o reaproveitamento de conteúdos existentes. A questão da língua é cultural e isso pressupões também a adaptação e a criação de conteúdos adequados e dirigidos que não servirão em outros locais. Esse binómio entre o investimento e seu retorno, fica assim mais complicado de gerir e portanto a nossa dose de risco aumenta, independentemente da rentabilidade dos mercados em questão.
Como vai ser o processo de gestão dois canais? Estará mais tempo em Angola ou em Moçambique?
Sendo a Multichoice uma Holding com presença em vários países e uma vez que estes canais estão na sua fase inicial, buscamos sinergias dentro do grupo para que possamos gerir os recursos existentes da melhor maneira. Isso passa por, nesta fase, assim termos decidido.
A nossa operação já está dividida por diferentes territórios e equipes. O nosso sinal viaja entre diferentes pontos de controlo fazendo recurso ás melhores e mais modernas tecnologias e este processo não é novo para nós. Não quer isso dizer que não haverá uma equipe de gestão local. Está já em curso a contratação de staff em Angola e contamos muito em breve enquadrar esses colaboradores. O tempo de permanência no território dependerá sempre da necessidade de, presencialmente, resolver assuntos ou de estabelecer contactos. Será a dinâmica da operação a determinar esse factor e será também essa dinâmica que ditará a mudança de procedimento logo que essa necessidade se fizer sentir.
Que outras novidades estes dois canais ainda vão trazer para os clientes Multichoice?
Como se diz quando se fala de Televisão “Content is King”. As novidades virão através de novos conteúdos de entretenimento, com novas caras e abordagens e sempre com a qualidade que caracteriza a MNet, procuraremos sempre transformar sonhos em realidade na senda de sermos o maior e melhor contador de histórias do continente.
Quantos novos postos de trabalho os dois canais criaram?
Para além das pessoas envolvidas nas diferentes áreas do Grupo que vão da Gestão ás Operações, os canais contratam em cada país a produção de conteúdos necessários à sua programação. Dependendo da dimensão desses conteúdos, por exemplo, uma novela, essa produtora terá por sua vez de contratar entre 90 a 120 pessoas durante todo o tempo de produção (que poderá ser de 1 ano ou mais). Portanto, se estivermos a fazer 2 ou 3 novelas (como é actualmente o caso, duas séries e restantes programas, falamos em torno de 300-400 pessoas para os dois canais num regime de produção de média intensidade. Este grupo de profissionais cobre as áreas técnicas e artísticas ligadas à produção (actores, produtores, técnicos de luz, som, câmara, decoradores, figurinistas, continuistas, assistentes de cada uma das diferentes áreas, administrativos, etc).