EXCLUSIVO: Medida é parte da sentença que obriga José Aires e vários administradores da sua gestão a pagar os danos que levaram à falência do banco que era propriedade do falecido general e político do MPLA Kundi Paihama. Só numa semana, o ex-gestor viu o Tribunal de Luanda retirar-lhe uma luxuosa casa num dos condomínios em Talatona.
POC Notícias: Moisés Tchipalavela e Domingos Barros
Foto: D.R
O antigo presidente do conselho de administração do extinto Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), José Aires Vaz do Rosário, sentiu a ‘mão pesada’ do Tribunal de Luanda, com a perda de uma mansão, num dos condomínios de Talatona, e está prestes a ficar sem um edifício que o mesmo é proprietário no condomínio Infinitiy, além de outros meios, como viaturas, para o pagamento dos prejuízos e dívidas que este causou ao longo da sua gestão, soube o POC Notícias de fonte do Tribunal Provincial de Luanda.
A medida surge após José Aires e vários administradores da sua administração terem sido condenados pelo Tribunal de Luanda a pagarem todos os prejuízos causados durante a gestão à frente do banco pertencente ao falecido general das Forças Armadas Angolanas (FAA) e histórico político do MPLA, Kundi Paihama.
Assim, são castigados José Aires e três dos seus ‘braços-direito’ no extinto BANC, nomeadamente os administradores Waldemar Augusto, Agostinho Durães da Rocha e Jerónimo Francisco, na pena de responsabilização pelos danos causados pela sua gestão no banco, que, segundo o Tribunal, gerou a falência da entidade.
“O doutor José Aires já perdeu um imóvel, em Talatona. E está também em vias de perder um grande edifício no Condomínio Infinity, em Luanda. Só não pegamos o prédio porque o individuo que está lá, o empreiteiro, invoca que não tem como entregar porque ainda não está fechado o tratado da obra com o José Aires”, detalhou a fonte.
“O doutor José Aires já perdeu um imóvel, em Talatona. E está também em vias de perder um grande edifício no Condomínio Infinity, em Luanda. Só não pegamos o prédio porque o individuo que está lá, o empreiteiro, invoca que não tem como entregar porque ainda não está fechado o tratado da obra com o José Aires”
José Aires não é o único que está a ver os bens arrestados pelo órgão de justiça. A acompanhar o gestor está outro ex-administrador, precisamente Agostinho Durães da Rocha, penalizado, numa primeira fase, com a perda de uma viatura top de gama, cuja marca, modelo e cilindrada não nos foi revelada. “A viatura pertence ao administrador Rocha”, sintetizou a fonte.
Ao que apurou o POC Notícias, outros dois administradores ainda não ‘apanharam’ as medidas do Tribunal, porque, segundo relatam, outras vozes dentro do Tribunal e integrantes da equipa que gere a massa falida do BANC, fizeram movimentos nas contas antes de a Justiça iniciar a ‘campanha’ de arresto.
Houve mesmo administradores que, nas respectivas contas bancárias, foram encontrados pouco menos de 100 mil kwanzas depositados, como parte de uma estratégia de fuga de capital.
BNA também ‘cobra’ dívidas
As cobranças aos ex-gestores do BANC vêm de todo o lado. Se por um lado está o Tribunal a apertar, do outro está o Banco Nacional de Angola (BNA) e demais credores que confiaram recursos ao banco do antigo ministro da Defesa de Angola, o falecido Kundi Paihama.
O POC Noticias sabe que o banco central foi um dos principais credores do BANC. Ou seja, o dinheiro que o teve nos últimos dias de operação teve origem no BNA, facto que foi confirmado por fonte do Tribunal. “O próprio BNA também está a cobrar as dívidas ao BANC. Um dos maiores créditos que o banco recebeu para sobreviver teve origem no BNA; o banco central foi quem capitalizou o banco. Este foi um dos motivos que fez o banco central levar os gestores a tribunal, o pagamento das dívidas com o crédito”, atestou.
Da sentença
Nas várias páginas que resume a sentença e a que o POC Noticias teve acesso, o Tribunal conclui que a conduta dos administradores produziu, como efeito na sociedade, a “erosão nas contas, banca rota e o incumprimento das obrigações da sociedade, já que as políticas adoptadas por estes na concessão de créditos e a não observação das regras prudenciais e sobre o risco, ao investirem no imobilizado, fizeram com que, na data do fecho, o saldo do BANC fosse negativo”.
O POC Noticias tentou localizar a defesa de José Aires e dos demais administradores, junto da sala comercial do Tribunal de Luanda, assim como por via contactos com entes próximos aos visados, mas, até ao fecho desta edição não teve sucesso.