O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento iniciou, esta terça-feira, em Abidjan, uma ronda de reuniões de alto nível que junta mais de 50 representantes de bancos regionais, instituições financeiras de desenvolvimento e bolsas de valores africanas, com o objectivo de construir uma Nova Arquitectura Financeira Africana destinada a colmatar o défice de financiamento do continente.
POC NOTÍCIAS | EMANUEL DOMINGOS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR

Apesar da dimensão estratégica do encontro, Angola não está representada, uma vez que a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) não participa nas sessões de trabalho, ao contrário de diversas bolsas do continente que marcaram presença.
A iniciativa, liderada pelo presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Sidi Ould Tah, foi descrita como um passo decisivo para reforçar o papel dos mercados de capitais africanos no acesso ao financiamento de longo prazo. “Como arquitectos dos mercados de capitais africanos, são os catalisadores do futuro do nosso continente”, afirmou na abertura dos trabalhos.
Entre as bolsas presentes encontram-se a BRVM, e as bolsas de Ruanda, Moçambique, Cabo Verde, Nairobi, Tunes, Gana, Casablanca e da África Central, numa mobilização sem precedentes para discutir reformas, digitalização do sector, modernização regulatória e mecanismos de capitalização que permitam financiar as economias africanas de forma autónoma e sustentável.
As reuniões estão igualmente focadas no reforço dos fundos de capital privado e de capital de risco para apoiar as pequenas e médias empresas, que representam quase 90% das empresas africanas e mais de 60% do emprego no continente, mas continuam a enfrentar barreiras significativas no acesso ao investimento.
A ausência de Angola neste debate regional surge num momento em que se discutem reformas com impacto directo no sistema financeiro africano, nomeadamente a mobilização de poupança interna, o papel dos investidores institucionais e a criação de mecanismos para reduzir a dependência do financiamento externo.
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento definiu três eixos prioritários para esta nova arquitectura financeira: reforço institucional e regulatório, diversificação das fontes de financiamento e investigação e formação para consolidar as capacidades dos intervenientes nos mercados de capitais.
Os trabalhos continuam durante dois dias, com o propósito de traçar uma estratégia conjunta para dinamizar o investimento, aprofundar os mercados e impulsionar um novo ciclo de financiamento para África — ainda que sem participação angolana nesta etapa.
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