O embaixador Ismael Martins afirmou, durante a VI Conferência Anual sobre Concorrência e Regulação Económica em Angola, que o futuro da estabilidade macroeconómica e do desenvolvimento nacional depende da valorização do capital humano e da criação de uma concorrência interna saudável, capaz de premiar o mérito e a competência dos angolanos.
O diplomata, que apresentou o tema “A Importância da Concorrência para a Estabilidade Macroeconómica”, defendeu que “a concorrência, quando é leal e saudável, estimula o progresso”, sublinhando que Angola ainda enfrenta desafios estruturais que impedem uma competição justa entre empresas e sectores.
“Temos uma população jovem, o que é excelente, mas precisamos atrair esses jovens para o trabalho produtivo, para criarem, inovarem e empreenderem”, destacou Ismael Martins, reforçando que a base de uma economia competitiva é a formação técnica e profissional.
O embaixador criticou a dependência excessiva de mão-de-obra estrangeira em projectos nacionais, apelando à valorização dos técnicos angolanos e ao fortalecimento das escolas de formação profissional.
“Faz-me confusão ver que, para qualquer obra, se recorre logo a profissionais vindos de fora. Precisamos de formar os nossos quadros e promover uma concorrência interna que incentive a excelência”, alertou.
Para o diplomata, a construção de uma economia forte exige investimento sério na educação técnica, “porque são os técnicos que constroem e transformam o país, não os políticos”.
Ismael Martins salientou que a concorrência deve estar enraizada numa cultura de mérito, integridade e competência, rejeitando práticas que desvalorizam o esforço individual e a qualidade da formação.
“O capital humano não é ter apenas um diploma. Às vezes, esses diplomas nem resultam de verdadeiro aprendizado. A verdadeira concorrência nasce quando valorizamos o saber e a competência dos nossos quadros”, afirmou.
O embaixador destacou ainda a importância de aprender com as experiências de outros países da Lusofonia e da SADC, apontando exemplos como Timor-Leste e a África do Sul, que têm demonstrado avanços na promoção da competitividade e da inovação.
“Precisamos de um aprendizado permanente. É fundamental que os jovens angolanos observem estas realidades e aprendam com elas”, frisou.
Para Ismael Martins, a consolidação da concorrência em Angola passa por uma mudança cultural que incentive o esforço, a qualidade e o compromisso com o bem comum.
“Gostaria de ver o nosso Bairro Paraíso reconstruído por angolanos, com orgulho e excelência. Essa concorrência sã entre nós é o que precisamos de promover para crescer como Nação”, concluiu.