O Presidente da República de Angola, João Lourenço, lançou duras críticas à actuação da Organização das Nações Unidas (ONU), acusando-a de “passividade” perante invasões e interferências em países soberanos, e denunciou Israel por estar a implementar na Faixa de Gaza “uma política de extermínio de um povo”.
O chefe de Estado angolano discursava na noite de terça-feira, na 80.ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, onde apontou o dedo à inoperância da comunidade internacional diante de sucessivos conflitos mundiais.
“Não podemos aceitar que o incumprimento sistemático das resoluções do Conselho de Segurança continue a adiar a criação do Estado da Palestina, mantendo aceso um conflito que todos os dias se agrava sem fim à vista”, afirmou João Lourenço, denunciando a “resposta desproporcional e violenta” de Israel após os ataques de 7 de Outubro.
O Presidente angolano frisou que “o povo palestiniano não pode ser confundido com o Hamas, porque não há povos, e muito menos crianças, terroristas”, alertando que a exclusão da delegação palestiniana da Assembleia Geral “emite um sinal muito negativo e encoraja a continuação do genocídio”.
João Lourenço condenou igualmente as sanções “unilaterais e subjectivas” impostas ao Zimbabué e à Venezuela, bem como o prolongado embargo contra Cuba, considerando-as acções de “um pequeno grupo de países” que apenas aumentam o sofrimento das populações.
Num apelo à paz global, advertiu para o risco de escalada na guerra da Ucrânia caso não haja uma negociação directa entre líderes europeus e a Rússia. “Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar esta oportunidade, sob pena de enfrentarmos consequências imprevisíveis, não só na Europa, mas em todo o mundo”, avisou.
O chefe de Estado reiterou ainda a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU, defendendo a inclusão de dois assentos permanentes e cinco não permanentes para África, tornando o órgão mais representativo da realidade geopolítica actual.