Com 19 anos de carreira, Josefa Ferraz tornou-se um dos nomes de referência da teledramaturgia angolana. No papel de Hosi, a primeira esposa do personagem Nkanda na novela Os Kambas, exibida no canal Kwenda Magic da DSTV (505), a actriz dá vida a uma mulher íntegra e resiliente, cujo percurso cruza tradição, respeito e a força feminina. Em entrevista exclusiva ao POC NOTÍCIAS, Josefa recorda a sua trajectória artística e reflecte sobre a poligamia, o lugar da mulher nas artes e o futuro do audiovisual angolano.
POC NOTÍCIAS | ENTREVISTA | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
Como se deu o início da sua trajectória artística?
A minha trajectória começou aos 15 anos, quando integrei o grupo de dança Lambada do Kinaxixi e, mais tarde, participei na minissérie da TPA O Comba.
Há quanto tempo actua como actriz e como esse percurso tem moldado a sua visão sobre o papel da mulher nas artes?
Sou actriz há 19 anos, desde 2006.
Como é fazer parte de um elenco que reúne diferentes gerações de mulheres?
Ao trabalhar com mulheres de diferentes gerações, tenho partilhado as minhas experiências e, ao mesmo tempo, aprendido bastante com elas.
Interpretar uma personagem dentro de uma trama que aborda a poligamia exige sensibilidade. Como vivencia esse desafio artístico e emocional?
A poligamia é uma prática culturalmente aceite e vivida em algumas regiões do nosso continente africano em geral e, em particular, em certas zonas de Angola. No caso da novela Os Kambas, para um homem com estatuto e poder, como é o caso da personagem principal, é normal ter várias esposas e cada uma respeitar a sua escolha.
Conte-nos sobre a sua personagem: quem ela é, o que representa e como a conecta à realidade das mulheres angolanas hoje?
A Hosi é uma mulher íntegra, bondosa, sóbria e de personalidade forte. Aceita e respeita as escolhas do marido, tal como muitas mulheres angolanas vivem, sabendo que o marido tem “outra” — mesmo que na clandestinidade.
Fora das telas, como olha para a poligamia tendo uma perspectiva de valorização da condição feminina numa relação conjugal?
A poligamia, em determinados contextos culturais, estabelece que as mulheres envolvidas tenham o mesmo tratamento, os mesmos direitos e responsabilidades, o que lhes confere “valor” e o devido respeito.
Na sua percepção, quais avanços têm ocorrido no cinema e na televisão angolana quanto à inclusão e representatividade feminina?
Hoje as mulheres participam de forma mais activa e inclusiva na produção, divulgação e expansão do cinema, da teledramaturgia e do audiovisual em geral.
Sente que esta produção representa bem a nossa cultura e capta a essência das angolanas?
De forma generalizada, sim.
Como olha para a evolução do nosso panorama audiovisual?
Com o sacrifício, a persistência e a dedicação de todos os profissionais desta área — particularmente do cinema e da teledramaturgia — este sector tem crescido e já apresenta produtos de qualidade internacional. Entretanto, se o Governo angolano desse maior atenção e valorização a este sector, teríamos um crescimento exponencial. Isso representaria uma mais-valia para a divulgação da cultura nacional, o fomento do emprego e a diversificação da economia.
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