A população urbana de África irá triplicar nos próximos 25 anos, de acordo com as previsões demográficas, obrigando os países a investir até 5,5% do seu produto interno bruto (PIB) no desenvolvimento urbano, se quiserem evitar a proliferação de bairros de lata.
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Esta foi a conclusão partilhada por peritos numa mesa redonda sobre “Mobilização do financiamento para o desenvolvimento e planeamento urbanos”, organizada no Fórum Africano de Investimento, que decorre de 4 a 6 de Dezembro em Rabat, Marrocos.
Hastings Chikoko, Director Sénior para as Cidades na Big Win Philanthropy, salientou o fenómeno da urbanização galopante e mal controlada. “Infelizmente, as pessoas continuarão a vir para as cidades. O que é que é preciso fazer?”, questionou.
“O problema é a falta de planeamento, que se traduz, por exemplo, na falta de infraestruturas de habitação e no aparecimento de bairros de lata”, salienta Eric Gumbo, Director Associado da G & A Advocates LLP no Quénia. “Os nossos países não têm margem de financiamento e isso tem um impacto nas nossas cidades. Os países africanos têm um rácio da dívida sobre o PIB de cerca de 65%”, acrescenta o Sr. Gumbo.
Citado numa nota de imprensa enviada à redação do POC Notícias, Abimbola Akinajo, Director-Geral da Lamata na Nigéria, considera que as grandes cidades africanas vivem a mesma realidade. “Uma gritante falta de financiamento”. Os membros do painel propuseram várias soluções para esta situação, como por exemplo, multiplicar as fontes de investimento, atraindo mais o sector privado, as instituições financeiras de desenvolvimento, os fundos de investimento e os fundos de pensões, para além dos recursos estatais e municipais.
Os participantes da mesa redonda concordam que, ao mesmo tempo, é preciso acrescentar as medidas e disposições a cumprir pelos Estados e pelas cidades. Melhor governação das cidades, melhor planeamento, reforço das capacidades das cidades para conceberem projectos financiáveis, melhor planeamento dos investimentos municipais, modernização da cobrança de receitas. Estas disposições incluem a participação dos habitantes das cidades no pagamento de alguns serviços, como as portagens das autoestradas.
“As cidades do continente são vítimas de uma má percepção do risco por parte dos investidores em contextos africanos, disse Hastings Chikoko, que acredita que esta percepção é tendenciosa e dispendiosa. “É caro contrair empréstimos em África e se não enfrentarmos este desafio, as cidades não terão os recursos para se desenvolverem”, alerta.
Para Mohan Vivekanandan, Diretor Executivo do Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA), parceiro fundador do Fórum Africano de Investimento, as cidades devem ter um plano bem pensado para atrair investidores. “Os grandes projectos devem ser liderados pelas cidades, e o sector privado achará rentável investir na sua cidade”, finalizou.