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De acordo o Relatório Anual e Contas, disponível nos canais oficiais da empresa estatal angolana, a Sonangol alcançou um resultado líquido consolidado positivo de cerca 1.800 milhões de dólares. Apesar dos bons resultados, o analista José Oliveira , alerta que a Estatal angolana continua penalizada pelo aumento da dívida do Estado angolano, de quase 10 mil milhões de dólares.
O investigador do Centro de Estudos da Universidade Católica de Angola José Oliveira concorda, mas alerta que “o drama” continua a ser “o aumento da dívida do Estado angolano à empresa”.
Os números de 2022 não estão ainda validados pelas Finanças, mas estão calculados em torno dos 4.000 milhões de dólares, aos quais há que deduzir cerca de 1.300 milhões de impostos, o que, somado aos valores de 2020 e 2021, que constam do relatório e contas da empresa agora divulgado, faz ascender a dívida do Estado à empresa para um valor próximo dos 10 mil milhões de dólares.
“Eu costumo dizer que quando ultrapassar os 10 mil milhões as campainhas vão soar”, alertou o analista, em declarações à Lusa, considerando que é por causa dela, e não de má gestão ou de outros factores, que a Sonangol não tem uma situação “desafogada”.
A dívida decorre sobretudo dos subsídios estatais aos combustíveis, que o Governo já está a diminuir gradualmente, a que há que somar dívida antiga e outras rubricas e de investimentos feitos pela empresa, no passado, em nome do Estado.
Esta situação faz com que a petrolífera estatal não pague, por sua vez, aos parceiros e a empresas fornecedoras de combustíveis — Angola importa ainda cerca de 70% dos combustíveis de que necessita –, uma dívida que já deve estar “próxima dos 1.300 milhões de dólares”, segundo cálculos deste analista.
No relatório e contas, a Sonangol destaca que 2022 foi, essencialmente, marcado pelo aumento do preço do petróleo bruto, que a beneficia, mas “os aumentos generalizados das taxas de juro nos mercados internacionais e da inflação, impactaram, desfavoravelmente, no valor das principais unidades geradoras de fluxo, bem como nos preços das matérias-primas e produtos importados pela petrolífera nacional, com destaque para a gasolina e o gasóleo”.
Neste contexto, José Oliveira duvida que seja possível pensar em avançar com a privatização da empresa, afirmando que “ninguém sério” vai querer comprar parte de uma empresa “quando o dono é o grande devedor”.
“Acho que estamos muito longe de privatização”, enquanto o Estado não assumir e reduzir substancialmente a divida, concluiu.