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As economias africanas permanecem resilientes, apesar dos desafios que estão a testar as economias mundialmente. Conforme o mais recente relatório sobre as Perspectivas Económicas Africanas do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, prevê-se que 41 países do continente apresentem taxas de crescimento mais fortes em 2024 do que em 2023.
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A África Oriental é a região que regista uma expansão mais rápida e a África Austral deverá registar um ligeiro aumento do crescimento. O mais recente relatório do BAD propõe reformas ousadas à arquitetura financeira internacional, e uma voz africana mais forte nos MDB.
O relatório, apresentado na reunião anual do Banco na quinta-feira, em Nairobi, descreve o potencial de crescimento de África como “notável”. Em 2024 e 2025, o continente manterá a sua classificação de 2023 como a segunda região com o crescimento mais rápido, a seguir à Ásia em desenvolvimento.
O Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, afirmou que, embora o Banco se orgulhasse das projeções de crescimento de muitos países africanos, tal como refletidas no relatório, não ignorava os desafios.
“O futuro de África é promissor, mas temos de nos certificar de que abordamos a governação, a transparência, a responsabilização e a gestão do nosso capital natural. Temos de garantir que os recursos são utilizados em benefício das pessoas deste continente… O tipo de resiliência de que estamos a falar não pode acontecer se não tratarmos da questão das alterações climáticas”, afirmou.
“Temos de nos certificar de que estamos a investir nos nossos jovens – nas suas competências, talentos e empreendedorismo, e a dar-lhes ferramentas. É por isso que estou entusiasmado com o que estamos a fazer com os Bancos de Investimento para o Empreendedorismo Jovem”
O relatório adverte que África não está no bom caminho para cumprir quase todos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. O documento refere que, a menos que sejam tomadas medidas corretivas, nomeadamente para inverter a curva de pobreza crescente, África será o lar de quase 9 em cada 10 (ou 87%) dos extremamente pobres do mundo até 2030.
Segundo o relatório, a recuperação do crescimento médio de África inclui uma expansão para 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025, ultrapassando a média global projetada de 3,2%. Prevê-se que 17 economias africanas cresçam mais de 5% em 2024. O número poderá aumentar para 24 no ano seguinte, à medida que o ritmo de crescimento acelera.
Prevê-se também que esta trajetória de crescimento ultrapasse os níveis anteriores a 2023, com a África Oriental a liderar enquanto região de crescimento mais rápido (até 3,4 pontos percentuais), e outras a registarem também uma expansão robusta.
Desempenho e perspectivas de crescimento por região
As perspectivas de crescimento variam entre as regiões de África, refletindo diferenças na estrutura económica, na dependência das matérias-primas e nas políticas.
A África Oriental, a região com o crescimento mais rápido da região, verá o PIB aumentar de uma estimativa de 1,5% em 2023 para 4,9% em 2024 e 5,7% em 2025. A revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais para 2024, em comparação com a previsão do Desempenho e Perspectivas Macroeconómicas Africanas (MEO) de janeiro de 2024, deve-se a contrações maiores do que as previstas no Sudão e no Sudão do Sul, na sequência do conflito em curso no primeiro.
África Central
Prevê-se que o crescimento na África Central seja moderado, passando de 4,3% em 2023 para 4,1% em 2024, antes de melhorar fortemente para 4,7% em 2025. A atualização das previsões deve-se às expectativas de um crescimento mais forte no Chade e na República Democrática do Congo, em resultado dos preços favoráveis dos metais.
África Ocidental
Prevê-se que o crescimento aumente na África Ocidental, passando de uma estimativa de 3,6% em 2023 para 4,2% em 2024 e consolidando-se em 4,4% no ano seguinte. Trata-se de uma melhoria de 0,3 pontos percentuais para 2024 em relação às projeções do MEO 2024 de janeiro, refletindo um crescimento mais forte nas grandes economias da região – Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Senegal.
Norte de África
No Norte de África, prevê-se que o crescimento diminua de um valor estimado de 4,1% em 2023 para 3,6% em 2024 e 4,2% em 2025, com uma revisão em baixa de 0,3 pontos percentuais para 2024 em relação ao MEO de janeiro de 2024. Com exceção da Líbia e da Mauritânia, o crescimento foi revisto em baixa para todos os outros países da região.
África Austral
Prevê-se que o crescimento na África Austral aumente ligeiramente, de uma estimativa de 1,6% em 2023 para 2,2% em 2024 e cresça para até 2,7% em 2025. As taxas de crescimento para 2024 e 2025 apresentam uma melhoria de 0,1 pontos percentuais em relação às projeções de Janeiro de 2024, refletindo principalmente um aumento de 0,7 pontos percentuais no crescimento projetado para a África do Sul. Devido ao maior peso da África do Sul na região, a atualização das previsões de crescimento compensou o efeito combinado das revisões em baixa em Angola, Botsuana, Lesoto, Zâmbia e Zimbabué.