Não há barreiras quando o sentido de missão move a nossa vida. Eneida Fortes representa este entusiasmo e capacidade de realização do UNFPA. Confrontada com a pandemia da COVID-19, a chefe de operações interina em Angola criou um ambicioso programa de formação online que garantiu a continuidade da capacitação das organizações parceiras. Com base na Plataforma E-Lounge, a iniciativa chegou a um número sem precedentes de membros da sociedade civil em todo o país. Este caso de sucesso faz de Angola o único país da região com uma ferramenta online de formação do UNFPA.
Eneida Fortes sempre soube que é nos momentos de maior dificuldade que as pessoas revelam o seu verdadeiro valor. A “sorte de ter uma mãe forte e maravilhosa” ajudou-a a “lidar bem” com o contexto social em que vivia esta caçula de 10 irmãos. “Durante a minha infância e adolescência, vi alguns amigos a abandonar a escola por causa de gravidezes precoces; também testemunhei violência baseada no género quase todos os dias na minha casa. Poderia ter sido uma dessas meninas grávidas ou ter deixado os estudos por várias razões, porque não tinha muito acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva, tanto dentro como fora de casa”. Mas tal não aconteceu.
Este espírito inconforme de quem viveu de perto os efeitos da exclusão educativa e da falta de acesso à informação moldou o seu carácter também como profissional. Em 2020, quando a pandemia da Covid-19 pôs em causa os programas de formação presenciais dos parceiros do UNFPA, Eneida teve uma ideia inovadora: “criar um espaço de formação virtual, onde a tecnologia fosse a grande aliada”, conta.
Com o “apoio incondicional” da anterior representante da agência em Angola, Florbela Fernandes, e com o trabalho incansável da UN Volunteer Diandra Costa, Eneida Fortes pôs rapidamente mãos à obra.
“Comecei a investigar plataformas online grátis e contactei o chefe de formação do UNFPA, Markus Voelker, que a convidou “a participar numa formação sobre como converter formações presenciais em formações virtuais eficazes”.
Em tempo recorde, com a sua equipa, criou e lançou o curso na Plataforma E-Lounge, com conteúdos totalmente em português e que possibilitam às organizações parceiras aprender ao seu próprio ritmo. É o primeiro projecto do género em toda a região do continente e um motivo de orgulho para o UNFPA Angola. “Este projecto mostrou-nos o que se pode alcançar quando as pessoas se unem em torno de prioridades e necessidades comuns e claras”, sublinha.
Também a resposta dos parceiros do UNFPA excedeu todas as expectativas. “Devido aos custos da formação presencial, costumávamos ter apenas dois participantes por organização, que viajavam a Luanda, mas com este curso online, alguns parceiros chegaram a inscrever 10 elementos”, conta. Dos 50 participantes esperados, o curso online chegou a 123 pessoas. As vantagens desta ferramenta são mais que evidentes.
“A formação virtual vai facilitar a comunicação com os parceiros e contribuir para melhorar o seu desempenho e padrões de qualidade em resposta aos requerimentos do UNFPA”
A nova plataforma exigiu também um forte compromisso de cada membro da equipa do UNFPA. O acesso limitado de muitos formandos à tecnologia tornava este projecto especialmente “desafiante”, reconhece Eneida Fortes. “Desde o início, era crucial estabelecer uma linha de comunicação abrangente com os parceiros, para os ajudar ao longo do caminho de aprendizagem, e por isso estávamos disponíveis por e-mail, Whatsapp e por telefone para responder às suas necessidades”, conta. Todas a equipa organizou também “webinars”para dar apoio técnico, em especial sobre como aceder e navegar na plataforma”.
A “abertura a novas ideias”, a “aposta no trabalho colaborativo” e o “compromisso em ouvir os parceiros para melhor responder às suas necessidades” ficaram patentes neste projecto. Na verdade, estes valores que Eneida Fortes enumera como essenciais, sempre foram motores importantes na sua carreira no UNFPA. A agora chefe de operações interina integrou a organização em Abril de 2017, motivada pela sua “paixão em trabalhar em equipa e ajudar outras pessoas”. Enamorou-se imediatamente do seu trabalho e da agência. Na altura, estava grávida de seis meses. “Costumo dizer que o meu bebé é filho do UNFPA”, ri-se, orgulhosa.
OPINIÃO
Redação POC Notícias