POC NOTÍCIAS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR | Fonte: Economia & Mercado | Por: André Samuel |
Presidente da Comissão Executiva da ACREP, Edilson Bartolomeu, refere que adquirir as participações disponíveis em bolsa representa um investimento seguro e garante protecção contra riscos cambiais.
_______________________________
Após duas décadas de operações, que balanço faz da evolução da empresa?
Reflectindo sobre as últimas duas décadas de operações da empresa, é com orgulho que destacamos o percurso notável que trilhamos desde a nossa fundação em 2003. Iniciamos com o objectivo de revitalizar a exploração dos campos de petróleo em terra na bacia do Kwanza, expandindo as operações para a exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, e posteriormente avançamos para a participação em concessões offshore em associação com grupos empreiteiros.
Quais foram os principais desafios e como os contornaram?
Um dos principais desafios que enfrentamos foi a adaptação às restrições impostas à actividade do sector nas bacias terrestres. Isso nos levou a expandir nossas operações para as concessões offshore, um movimento estratégico que não apenas diversificou nossas operações, mas também ampliou nosso alcance e capacidade de produção. A entrada em blocos como o 04/05 em 2005, com uma participação de 15% do WI, em 2016 realizamos a aquisição de 12,82% do Bloco 02/05, o que exemplifica a nossa capacidade de adaptação e prosperar diante dos desafios.
Transformámos esses desafios em oportunidades ao nos tornarmos operadores na Namíbia com 70% do WI em 2014, realizando atividades de pesquisa e, posteriormente, a aquisição de participações significativas em outros blocos, culminando na aquisição de 10% do Bloco 1/14 em 2020.
Essas ações refletem nossa visão estratégica de expansão e consolidação da nossa presença não apenas no mercado angolano, mas também no internacional.
Que análise faz da evolução do mercado petrolífero?
A indústria do petróleo e gás enfrenta actualmente vários desafios. As tensões geopolíticas, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e agora a mais recente tensão no Médio Oriente, perturbaram os mercados globais e contribuíram para a volatilidade dos preços. O surto da pandemia COVID-19 também teve um impacto significativo, levando a um declínio da procura de petróleo e redução do consumo. Além disso, existe uma pressão crescente para a transição energética, com uma mudança para fontes de energia renováveis e a necessidade de abordar as preocupações com as alterações climáticas. Num cenário em que as empresas estão a apostar fortemente nas energias renováveis o petróleo continua a ser a almofada de rendimento de muitos países.
As projecções da OPEP até 2025 indicam um incremento na procura até 2,2%. O que permitirá às empresas continuarem a investir no sector para maximizar a sua produção com recurso a tecnologia que visão a reduzir e a capturar as emissões de carbono.
Que passos precisam ser dados para melhorar o quadro do sector?
A nível nacional, o sector petrolífero é crucial para a economia, sendo o principal exportador e fonte de receita do País. Angola enfrenta seus próprios desafios como também é impactada pelas perturbações a nível internacional, diante deste cenário devemos tirar as melhores vantagens para nossa própria economia por isso sou de opinião que Angola deverá apostar fortemente na sua própria agenda que deverá passar pela contínua exploração dos recursos com objectivo de realizar a reposição de reservas e atenuar o declínio da produção juntamente com a implementação de tecnologia que visam a redução e captura de carbono de formas a ter uma produção virada para sustentabilidade.
Aposta contínua na formação do nosso capital humano pois a transferência do conhecimento é primordial para estarmos capazes de assumir controlo das nossas operações.
Devemos começar a preparar um ambiente de mercado em que as NOCs tenham a possibilidade de investir e recuperar o seu investimento, pois é fácil antever o desinvestimento das IOCs.
Trazer a banca nacional para dentro da indústria a fim de fazerem parte do financiamento da actividade do sector ou ainda estabelecer uma percentagem de financiamento reservada pela banca em projectos já em fase de desenvolvimento.
Investir em tecnologias avançadas para melhorar a eficiência da exploração e produção de petróleo e gás. Isso inclui tecnologias para aumentar a recuperação de reservatórios existentes e explorar novas fronteiras com menor impacto ambiental.
Formar parcerias com outras empresas de energia, governos e instituições financeiras para compartilhar riscos e recursos em projectos de grande escala. Essas parcerias podem ser particularmente valiosas para explorar novas áreas geográficas ou desenvolver tecnologias inovadoras a nível do continente africano.
Adoptar práticas de operação mais sustentáveis e responsáveis, incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa e o investimento em projectos de compensação de carbono. Melhorar o diálogo e a cooperação com todas as partes interessadas, comunidades locais, investidores e organizações ambientais, para garantir que as operações sejam socialmente responsáveis e alinhadas com as expectativas da sociedade.
Quanto a previsão de perfurar dois (2) poços de pesquisa no 3º trimestre de 2024, a meta será alcançada? Qual é o investimento programado para estes desafios?
A ACREP é membro do grupo empreiteiro do Bloco 1/14 com 10% do interesse participativo, este Bloco é operado pela Azule Energy e foi aprovado o programa de pesquisa pela ANPG em que o GE deverá perfurar o primeiro poço no final do terceiro trimestre de 2024 com um investimento de 7 milhões de dólares. Este valor reflete o compromisso da ACREP com a exploração e desenvolvimento de potenciais recursos de hidrocarbonetos no bloco mencionado, que em caso de sucesso permitirá à ACREP confirmar e desenvolver mais 30 milhões de barris de petróleo de reservas, isso representa os 10% da ACREP. Portanto, considerando os investimentos planejados e a estrutura de financiamento já estabelecida, a meta de perfurar dois poços de pesquisa no 3º trimestre de 2024 e 2025, respectivamente, é alcançável. A estratégia de financiamento da ACREP, que inclui uma diversificação de fontes através da Oferta Pública Inicial e a capitalização de activos, como indicado no planejamento estratégico para 2023-2028, suporta a viabilidade desses investimentos
De que forma a empresa contribui para o desenvolvimento do conteúdo local?
ACREP, uma empresa angolana actuante no sector de petróleo e gás, posso destacar que a contribuição para o desenvolvimento do conteúdo local é uma das prioridades estratégicas da nossa empresa. Esta abordagem não só fortalece a economia local, como também promove a sustentabilidade do nosso negócio no longo prazo.
E produto desta estratégia fomos galardoados com o prémio de empresa de conteúdo local na edição de 2023 do Angola Oil and Gas Awards pela criação da empresa Dinge Sondagens que detêm a uma unidade para perfuração, reparação e manutenção de poços em terra. Por isso queremos continuar a apostar na formação e capacitação da mão-de-obra local, assegurando que os angolanos tenham as competências necessárias para participar activamente em todos os níveis da indústria de petróleo e gás. Isso inclui programas de treinamento técnico e profissional, bem como parcerias com instituições educacionais locais. Nos esforçamos para priorizar fornecedores locais na nossa cadeia de suprimentos, o que contribui para o desenvolvimento económico de Angola. Isso envolve a avaliação e o desenvolvimento de fornecedores locais para que possam cumprir nossos padrões de qualidade e segurança, fortalecendo o tecido empresarial angolano.
Em relação à extensão do prazo da oferta pública em bolsa, o que tem a dizer?
Esta decisão, aprovada pela Comissão do Mercado de Capitais (CMC), foi motivada por um conjunto de circunstâncias inesperadas e desafiadoras que enfrentamos no actual ambiente de mercado.
Observamos dificuldades na apresentação de declarações de aceitação por parte dos investidores, o que levou a um acúmulo de pedidos de abertura de conta na fase final do período da oferta. Este acúmulo tornou-se um obstáculo significativo, impedindo-nos de responder em tempo útil a todos os pedidos, dada a nossa aderência aos mais altos padrões regulatórios e de conformidade. Além disso, enfrentamos uma escassez de liquidez no mercado e um certo atraso nos pedidos de transferências de um banco para o outro.
É importante sublinhar que uma das motivações centrais da nossa oferta pública é facilitar o acesso a todos os investidores e aforradores ao mercado de capitais, promovendo assim a inclusão financeira de todos os agentes económicos neste processo. Dada a nossa missão de não excluir investidores interessados que, por razões alheias ao seu controle, não conseguiram concluir os processos de abertura de conta a tempo, vimos a necessidade de estender o prazo da oferta.
Com a prorrogação, a oferta permanecerá em vigor até às 15h00 do dia 15 de Março de 2024, proporcionando uma janela adicional para que os investidores interessados possam participar.
Estamos comprometidos em garantir que este processo seja realizado da forma mais transparente e justa possível, assegurando que todos os investidores, independentemente do seu tamanho, tenham a oportunidade de participar nesta fase histórica da nossa empresa, da Bolsa de Dívida de Valores de Angola e do País.
Agradeço a compreensão e o apoio contínuo de todos os nossos stakeholders neste processo.
Que palavra deixa aos potenciais investidores?
Quero dizer aos investidores que a ACREP, tenho o prazer de partilhar com vocês uma oportunidade única de investimento em uma empresa angolana do sector de petróleo, gás e energia. Com 20 anos de operação, a ACREP demonstrou um forte potencial de valorização desde a sua fundação. Este marco é apenas um dos muitos testemunhos do nosso compromisso contínuo com a excelência operacional e a criação de valor sustentável.
Estamos orgulhosos de ser a primeira empresa de petróleo, gás e energias a ser admitida na Bolsa de Dívida e Valores de Angola, marcando um momento histórico tanto para a nossa empresa quanto para o mercado de capital angolano. Este feito sublinha o nosso pioneirismo e liderança no sector, bem como a nossa visão de longo prazo para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da indústria energética em Angola.
Investir na ACREP significa também participar activamente na monetização dos investimentos em USD equivalentes, proporcionando uma cobertura eficaz contra a inflação de dois dígitos de Angola e a volatilidade da taxa de câmbio do Kwanza. Além disso, nosso foco na formação e profissionalização de quadros nacionais no sector reflecte nosso compromisso com o desenvolvimento de talentos locais e a promoção de práticas de governança corporativa e responsabilidade social de excelência.
Ao considerarem a ACREP como uma opção de investimento, estão apoiando uma empresa que não apenas demonstrou uma trajectória de crescimento e rentabilidade impressionantes, mas também desempenha um papel relevante e comprovado no apoio às comunidades e na capacitação de seus quadros. Nosso compromisso com as práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance) é central para nossa estratégia de negócios, garantindo que entregamos valor não apenas aos nossos accionistas, mas também à sociedade em geral.
#economia&mercado