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Polícia nacional impediu ontem, 21 de Maio, a realização de uma conferência sobre paz num hotel de Cabinda, alegando incumprimento das formalidades legais pelas entidades organizadoras do evento.
A conferência de reflexão sobre a paz em Cabinda, organizada pelas organizações Omunga e Associação para Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos (ADCDH) tinha como convidados o pastor Ntoni a Nzinga, o padre Celestino Epalanga, o advogado e ativista Arão Tempo e o político e secretário-geral da Frente Consensual Cabindesa, Belchior Tati, mas acabou por não acontecer.
Segundo Celestino Epalanga, o diretor executivo da Omunga, João Malavindele tentou falar com as chefias da polícia para obter esclarecimentos, tendo sido transmitido que “estavam a cumprir ordens superiores”. “Estivemos ali cerca de 20 minutos e depois regressámos”, continuou.
O padre jesuíta da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) assinalou que a conferência estava para acontecer em Abril, “o mês da paz”, mas não se realizou por supostamente faltar documentação assinada por uma organização de direitos humanos legalizada.
“O problema está no tipo de oradores, provavelmente falar de paz em Cabinda e um problema muito sério, é proibido”
Para Celestino Epalanga, que está ainda a aguardar o regresso a Luanda perdeu-se uma oportunidade de dialogar sobre a violação sistemática e permanente dos direitos humano em Cabinda.
“A polícia impediu o acesso ao próprio hotel alegando que o governo não autoriza esta conferência. Perguntámos quem do governo era e disseram que tínham ordens superiores”, disse o presidente da ADCDH, Alexandre Kwanga.
O ativista adiantou que a polícia obrigou um jornalista de um meio de comunicação local (TV União) a apagar a entrevista feita ao sacerdote católico.
Em declarações à Lusa, Chala Gime, director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do ministério do interior em Cabinda disse que a polícia compareceu no hotel por que a Omunga “não cumpriu com os pressupostos administrativos a nível do governo provincial que deveria autorizar a realização dessa atividade”.
“A Omunga é uma associação de outra província. Para vir fazer uma atividade deve dar conhecimento ao governo. Além disso, aparece associada ao ADCDH que não tem qualquer legitimidade, porque não é legal. As coisas ilegítimas não podem ser legitimadas, e por isso a polícia apareceu no local para impedir a realização da atividade. A organização não cumpriu as formalidades legais”, indicou.