Após um decréscimo durante a crise da COVID-19, as fusões e aquisições (F&A) dispararam a nível global, tanto em volume, como em valor. A expectativa é que esta tendência se mantenha, segundo um estudo recente da Boston Consulting Group (BCG), intitulado “Mastering the Art of Breaking Up”.
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O relatório que avalia mais de 840 mil transações indica que em 2020, e quando comparado com o ano anterior, o valor e o volume de negócios tinham decrescido 13,2% e 8,3%, respetivamente. No entanto, no primeiro semestre de 2021, verificou-se uma forte recuperação, com as transações a aumentarem 136% em valor e 32% em volume, em comparação com o mesmo período de 2020.
A nível global, prevê-se um ambiente continuamente favorável para a actividade de F&A, impulsionado por factores que incluem o sucessivo aumento da actividade económica e uma abundância de capital do lado da procura, incluindo níveis recorde de reservas de capital disponíveis para investimento em capital privado e em capital de risco. Isto é acompanhado por um aumento do número de sociedades focadas no investimento que estão a entrar ambiciosamente no mercado.
O relatório analisa ainda duas medidas para acompanhar a criação de valor por consequência dos desinvestimentos. Primeiramente, os retornos anormais acumulados (Cumulative Abnormal Returns – CAR) no momento do anúncio das operações foram positivos, tanto para compradores como para vendedores. Os CAR dos vendedores atingiram a maior mediana deste século: 0,7% em 2020-2021; Os CAR dos compradores, frequentemente negativos nos últimos anos, também se tornaram positivos na primeira metade de 2021. Os retornos totais relactivos dos acionistas (RTSR) têm vindo a aumentar de 1,5%, nos negócios anunciados em 2014, para 4 % em 2019, indicando que as revisões periódicas do portfólio de investimentos e as alienações de activos não essenciais podem criar valor substancial para os acionistas.
Adicionalmente, é essencial que se realizem desinvestimentos parciais (carve-outs) antes de alienações completas, apesar de estes serem muitas vezes complexos e dispendiosos.
O relatório conclui que mais de 50% dos desinvestimentos parciais superiores a 300 milhões de dólares necessitam de apoio, durante mais tempo, sob a forma de acordos de serviços transitórios com a anterior empresa-mãe. Os custos variam normalmente entre 1% e 5% das receitas da empresa alienada, mas podem atingir até 13% das receitas em negócios grandes e complexos, especialmente no sector farmacêutico. As três principais razões pelas quais os desinvestimentos parciais falham são: uma conceção estratégica pouco clara, as restrições de capacidade com perda de talento crítico, e o desajuste entre os planos estratégicos dos vendedores e as necessidades de integração dos compradores.