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Lobito – Realizou-se hoje uma cerimónia promovida pela Administração Municipal do Lobito para assinalar o início da transferência da concessão dos serviços ferroviários e de apoio logístico do Corredor do Lobito à Lobito Atlantic Railway, empresa que vai assumir a operação, gestão e manutenção da infra-estrutura ferroviária de transporte de mercadorias para o corredor de cerca de 1.300 km que liga o Porto do Lobito ao Luau, no leste de Angola, junto à fronteira com a República Democrática do Congo.
O Corredor Ferroviário do Lobito estende-se, em Angola, por quase 1.300 km e continua depois por 400 km na República Democrática do Congo até Kolwezi, o coração do Copperbelt, estando igualmente ligado à extensa rede ferroviária administrada pela Sociedade Ferroviária Nacional do Congo (SNCC). A concessão, por 30 anos, foi atribuída ao consórcio Lobito Atlantic Railway, empresa conjunta constituída pela Trafigura Pte Ltd (“Trafigura”), líder de mercado na indústria global de commodities, Mota-Engil Engenharia e Construção África SA (“Mota-Engil”), uma empresa internacional de construção e a Vecturis SA, uma operadora ferroviária independente.
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, afirmou durante a cerimónia que “o Corredor do Lobito – que liga Angola à República Democrática do Congo e cuja concessão hoje atribuímos – e que prevê a sua extensão à Zâmbia, vai certamente potenciar as exportações intra-africanas, que atualmente respondem por apenas 14% do total das exportações para o resto do mundo. Números como este mostram-nos a importância e a necessidade de colocar as nossas infra-estruturas ao serviço do desenvolvimento económico e social dos nossos países e do nosso continente. E aqui estamos a fazê-lo com visão, propósito e objetivos claramente definidos.”
O Ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, disse, por sua vez, que o Corredor do Lobito é uma poderosa infra-estrutura que marca definitivamente a imagem de Angola perante o mundo, nomeadamente junto dos investidores privados e das entidades financeiras dos Estados Unidos, Europa e doutras geografias.
“Vemos o corredor ferroviário do Lobito como uma parceria entre os sectores público e privado. Uma parceria entre três países – Angola, RDC e Zâmbia – e entre três empresas – Trafigura, Vecturis e Mota-Engil”, lembrou Jeremy Weir, que na cerimónia falou em nome da Lobito Atlantic Railway. “Juntos, partilhamos a visão de criar o corredor logístico mais importante da África subsaariana. Acreditamos que o corredor ferroviário do Lobito tem um enorme potencial para impulsionar o desenvolvimento de sectores ao longo da de toda a linha, incluindo a indústria pesada, a agricultura e a mineração, criando empregos e novas oportunidades. Acreditamos que o Caminho de Ferro do Lobito vai ser um catalisador para o crescimento e o investimento em Angola, na RDC, na Zâmbia e em toda a região. Trata-se, de resto, duma visão partilhada pelos três países, que já assinaram um acordo para acelerar o crescimento do comércio doméstico e transfronteiriço ao longo do Corredor. E o facto do Senhor Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, do Senhor Presidente Tshisekedi e do Senhor Presidente Hichilema estarem aqui hoje, reforça seu compromisso de desenvolverem e utilizarem esta ferrovia para o benefício de toda a região”, concluiu Jeremy Weir.
Investimento
A concretização de todo o potencial desta ferrovia exige um investimento significativo da parte do consórcio. O investimento a realizar incluiu a aquisição de 1.555 vagões e 35 locomotivas apenas para o lado angolano do corredor. A LAR está igualmente empenhada em em investir em formação, sendo que já dispõe de centros de formação profissional no Huambo e no Lobito, assim como no recrutamento de mão de obra local, que já tem em curso.
No total, o consórcio planeia investir US$ 455 milhões em Angola e até US$ 100 milhões na República Democrática do Congo, havendo potencial para a realização de investimentos adicionais no futuro, à medida que for explorada a oportunidade de estender o Corredor na Zâmbia, para alargar substancialmente os seus benefícios a toda a região.
Benefícios comerciais, ambientais e de segurança
Esta linha férrea será também uma rota mais rápida e segura para os passageiros que utilizam os serviços da empresa Caminhos de Ferro de Benguela. Estará ligada ao Porto do Lobito, completamente descongestionado, proporcionando uma alternativa aos portos da África Oriental, onde os atrasos e estrangulamentos são comuns. O Corredor do Lobito será também a rota mais rápida para exportação e importação da região para a Europa e para a América. Para a indústria de mineração especificamente, esta ferrovia oferece a rota mais curta e direta para o porto do principal distrito mineiro de Kolwezi na República Democrática do Congo, onde as exportações de cobre, cobalto e outras matérias-primas têm vindo a crescer significativamente, prevendo-se que o ritmo se mantenha à medida que a transição energética ganha peso.
A operacionalização do Corredor do Lobito encerra também benefícios ambientais e de segurança, porque vai contribuir para a remoção dos camiões da estrada, o que reduzirá os atrasos frequentes nas fronteiras, o risco de acidentes de trânsito e a degradação das estradas, assim como a poluição do ar e as emissões de carbono.