A indústria mineira angolana continua a afirmar-se como um dos principais motores da economia nacional, com 14 milhões de quilates de diamantes brutos produzidos em 2024 e receitas de 1,4 mil milhões de dólares provenientes da comercialização de 10 milhões de quilates. Os números foram avançados durante a mesa-redonda sobre financiamento e investimento, integrada na Conferência Internacional de Minas de Angola (AIMC 2025), que decorre em Luanda.
POC NOTÍCIAS | ANA ATALMIRA | EMANUEL DOMINGOS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
De acordo com o director executivo da Sodiam E.P., Fernando Amaral, os resultados posicionam Angola no 2.º lugar mundial em receitas diamantíferas e no 3.º em produção, num momento em que o país consolida a estratégia de valorização interna da sua cadeia de valor. Actualmente, oito fábricas de lapidação já estão em funcionamento no Pólo Diamantífero de Saurimo, permitindo que cerca de 2,8 milhões de quilates sejam processados localmente, correspondendo a 20% da produção total.
O responsável sublinhou ainda que, apesar de um contexto internacional desafiante, “os números do sector provam a resiliência e a competitividade da indústria diamantífera angolana”, salientando a necessidade de continuar a investir na formação técnica e na expansão da capacidade de beneficiação nacional, para responder à crescente concorrência dos diamantes sintéticos.
Durante o debate, o PCA da ENDIAMA E.P, José Júnior, destacou o impacto positivo do novo modelo de governação do sector, que permitiu separar funções regulatórias e operacionais, criando maior transparência e previsibilidade para os investidores. A modernização institucional, acrescentou, “tem reflexos directos na produção, que poderá atingir 15 milhões de quilates em 2025”.
No campo do financiamento, Dilson Gaspar, Administrador Executivo da BODIVA, revelou que entre 2020 e 2025 foram levantados mais de 280 milhões de dólares no mercado de capitais nacional. Numa das mais recentes operações, no valor de 200 milhões USD, registou-se uma procura cinco vezes superior ao montante emitido, demonstrando que existe liquidez disponível para apoiar novos projectos, incluindo no sector mineiro.
Os participantes da mesa-redonda defenderam que a diversificação dos mecanismos de financiamento é essencial para garantir a expansão sustentável da mineração, sobretudo nas fases iniciais dos projectos, tradicionalmente de maior risco e dependentes de capital de promotores e investidores institucionais.
Com a implementação do Cadastro Mineiro Digital, a aposta em projectos estruturantes e uma base produtiva consolidada, Angola procura reforçar a sua posição como um dos mercados mais competitivos do sector em África, atraindo investimento nacional e estrangeiro para sustentar o crescimento dos próximos anos.
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