POC NOTÍCIAS | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
Em pouco menos de duas semanas de competição no “BBB 24“, Nizam esteve no centro dos grandes conflitos, quase viveu um romance, criou laços de amizade e se despediu de um aliado importante no confinamento.
____________
A saída de Pizane é um dos momentos que considera marcante em sua trajectória no “Big Brother Brasil“ – foi quando percebeu que algo em seu jogo poderia estar desagradando os companheiros e o público. Poucos dias depois, com o menor percentual de votos – 17,14% – na berlinda contra Pitel e Raquele, o participante deixou a disputa pelo prémio milionário. Agora fora da casa, considera que essa foi uma das experiências mais difíceis de sua vida, mas também uma fonte de aprendizados.
Ao refletir sobre o seu desempenho no programa, o paulistano observa que a profissão que exerceu durante anos teve forte influência em seu modo de viver o reality: “Eu estava a jogar o jogo, mesmo que inconscientemente. Eu sou articulado, trabalho com vendas e preciso saber convencer. Sou uma pessoa de liderança, que chama atenção e que normalmente as pessoas acabam confiando de graça. Não que eu tenha usado isso a meu favor, mas é algo que naturalmente acontece comigo.”
Na entrevista a seguir, Nizam faz um balanço de sua passagem pelo BBB, avalia a relação com colegas de jogo e revela, ainda, para quem torce agora e quais são os seus planos nesta nova fase.
Como você descreve a experiência de participar do “Big Brother Brasil“?
Foi uma das experiências mais difíceis que eu tive na minha vida. É um jogo em que a interação social é necessária, porém está todo mundo contra todo mundo. Então, é difícil você sentir a veracidade nas interações. Como eu sou uma pessoa muito sentimental, eu crio laços de amizade muito rápido e às vezes as pessoas estão ali só para ganhar jogo, para te eliminar; é tipo dar 1×0 para o adversário. É um jogo difícil, é um ambiente que mexe com a sua cabeça. Eu até comentei que eu estava com 25 pessoas em volta de mim e nunca me senti tão sozinho e de forma tão rápida. Em um lugar onde está cada um por si, o egoísmo dói. É cada um jogando por si, porque está todo mundo com o mesmo objectivo, que é ganhar o prémio. Além dessa parte, também é difícil lembrar que você está a ser filmado 24 horas, porque você não sabe o que está a ser falado, você esquece, não tem o feedback. Por esses motivos é um jogo muito difícil de ser jogado.
Você acredita que conseguiu desempenhar a estratégia que imaginou para o BBB?
Eu não imaginei nenhuma estratégia, eu desempenhei quem eu era. Até falaram a questão de manipulação, mas eu fui vendedor a minha vida inteira. Se eu não consigo convencer alguém a comprar, como é que eu iria me sustentar? Meu trabalho era convencer as pessoas, então eu fui quem eu sou. Não foi uma manipulação para o jogo – talvez, inconscientemente, eu fiz isso sabendo que tinha um jogo por trás. Articular é um dom que poucas pessoas têm.
De tudo que viveu, o que ficará marcado em sua memória nessa experiência?
Os aprendizados para eu me tornar uma pessoa melhor. A eliminação do Pizane foi um momento marcante.
Mesmo depois de afirmar que não queria viver romance com Alane, vocês chegaram a se aproximar. Como você via a participante e essa relação com ela?
Eu via como uma troca de carinho, porque naquele momento a gente tinha acabado de entrar no programa e a gente veio de um confinamento.
Seus comentários sobre outras participantes em conversa com alguns brothers no quarto do líder geraram discussões no jogo e também repercutiram fora do BBB. O que você teria a comentar sobre isso?
Foram comentários completamente infelizes que não deveriam ser feitos pública nem privadamente. Eu gostaria muito de que naquele momento alguém tivesse me chamado atenção, porque eu iria conseguir me desculpar naquele momento, não depois de sair e ver tudo isso. Eu me senti envergonhado e imagino também a vergonha que minha irmã e minha mãe estão a sentirde mim. A minha mãe cresceu numa sociedade machista e sofreu o machismo na pele. E eu, sentindo que fui machista, fui um completo infeliz no meu comentário. Eu peço as mais sinceras desculpas, porque eu sei que eu ofendi. A minha intenção não era ter ofendido, porém a intenção não vale de nada nesse momento. É o que se fala e eu não deveria ter falado.
Você e Davi tiveram um grande desentendimento na casa. Isso te desestabilizou?
Ele protagonizou uma discussão e eu fiquei quieto. Isso não me abalou. Mas com 21 anos eu também teria feito isso… daqui a dez anos o Davi vai entender. Com o tempo, você aprende quais batalhas precisa lutar. Aquela não era uma batalha minha, era uma batalha dele.
Como você enxerga o jogo do Davi? Chegou a haver uma relação de rivalidade entre vocês dois ou considera como algo pontual?
Ele está a jogar bem, é um cara honesto, tem personalidade. Ele vai longe. Eu acho que ele me viu como rival depois que ele foi para o segundo paredão, porque até então a gente estava bem, estávamos treinando juntos, a gente tinha assuntos em comum. Não tinha uma rivalidade, muito pelo contrário. Eu acho que uma das coisas que o deixou decepcionado foi ter recebido uma informação falsa de mim.
Alguns participantes apontaram que você estaria a ser manipulador no jogo. Você concorda com essa afirmação em algum aspecto?
Vendo de fora, eu concordo. Eu percebi que estava tentando manipular as pessoas a meu favor, afinal é um jogo. Eu estava ajogar o jogo, mesmo que inconscientemente. Eu sou articulado, trabalho com vendas e preciso saber convencer. Sou uma pessoa de liderança, que chama atenção e que normalmente as pessoas acabam confiando de graça. Não que eu tenha usado isso a meu favor, mas é algo que naturalmente acontece comigo.
Após a saída do Lucas Pizane, você chorou bastante e afirmou que a casa estava te ver como um “vilão“. Você acredita que foi um vilão no BBB?
Eu não sei se eu fui vilão, mas eu tenho certeza de que, se o Pizane tivesse se posicionado comigo no quarto do líder, ele não teria saído. Não é que eu tenha sido o culpado pela saída dele, muito pelo contrário. Nós somos responsáveis pelas nossas acções, não pelas acções dos outros. Como o Pizane falou no Sincerão, se ele tivesse se posicionado e falado “não gostei do que você disse“, eu teria ficado quieto, com uma cara de tacho, e iria ter falado “você tem razão, perdão“. Provavelmente, eu iria chegar na Yasmin e dizer: “Yasmin, falei besteira de você no quarto, não foi minha intenção. Falei isso, isso e isso… me desculpa“. Pelo menos, eu teria reconhecido naquele momento e não 15 dias depois. A casa me via como manipulador, não necessariamente um vilão.
Para você, que estilo de jogador foi o Nizam no BBB?
Eu acho que desenrolado, uma pessoa que tinha relação com a maioria das pessoas. A minha história de vida acabou tocando certas pessoas e eu não fiz isso para convencê-las, mas o facto de as pessoas se identificarem com a sua história faz com que elas se identifiquem com você dentro da casa. Lá está todo mundo a procurar uma coisa para se apegar ou uma coisa para não se apegar. Eu me via como uma pessoa articulada, que tinha uma palavra forte dentro da casa.
Que amigos pretende manter fora do jogo?
O Pizane, a Nanda, a Pitel com certeza… Apesar de eu ter visto a repercussão sobre o Rodriguinho aqui fora, eu não o vejo como uma pessoa ruim, porque não é o que você faz dentro da casa que dita o que você é fora dela. Então, eu não posso julgar uma pessoa pelas acções dela dentro do BBB. Então, eu acho que gostaria também de levar a amizade dele. Gostaria de levar o Luigi, o MC Bin Laden e a Yasmin Brunet. Essas são as pessoas com as quais eu mais me identifiquei. Com a Yasmin, eu tenho que me desculpar pessoalmente e saber se ela, desses todos, quer ter essa amizade. Não depende só de mim, porque eu a ofendi sem que ela soubesse, então quando ela souber disso, aí eu vou entender um pouco mais e vou poder me desculpar com ela. Eu também acho que a Vanessa Lopes tem um coração incrível e eu gostaria de ter um contacto. Talvez não uma amizade, mas um contacto, um respeito.
Se pudesse, faria algo diferente durante a sua participação?
Não, porque eu não teria aprendido tudo o que aprendi. Eu não falaria as mesmas coisas, mas eu acho que tudo na vida acontece por um motivo e, se isso aconteceu, é porque eu tinha que aprender.
Quem você acredita que é o melhor jogador do BBB e por quê? E para quem está a torcer?
A Bia. Ela é a cara do jogo – falei isso para várias pessoas lá dentro. Apesar de eu não conseguir fazer esse jogo, eu acho que é esse jogo que o público quer ver. Talvez ela chegue aos “Top“. Eu estou torcendo pela Pitel, quero que ela ganhe. É um amor de pessoa! Embora ela não acredite nela mesma, ela é uma pessoa incrível, sincera desde o primeiro momento, de coração… é uma mulher incrível, cuja companhia eu quero ter para o resto da minha vida, porque ela é uma baita de uma amiga.
Quais seus planos pessoais e profissionais para o pós-BBB?
O que a vida me trouxer… Eu sempre quis ser uma pessoa pública, sempre quis chamar atenção, estar em frente às câmeras. Trabalhar na televisão sempre foi um sonho – eu fiz teatro quando criança – e eu quero realizar, seja como modelo, seja como apresentador. Enfim, trabalhar com mídias é algo que eu desejo.