O avanço do garimpo de ouro na província do Huambo está a gerar sérias preocupações entre académicos e líderes comunitários. O alerta mais recente foi feito pelo antropólogo Gregório Chicola, que denuncia a invasão em larga escala de áreas agrícolas por garimpeiros, motivados pela busca desordenada do precioso minério.
Segundo o cientista social, vastas extensões de terra destinadas à produção de alimentos estão a ser ocupadas por actividades mineiras informais, o que poderá comprometer gravemente a cadeia de produção agrícola e pôr em risco a subsistência de milhares de famílias na região.
“O garimpo está a ocupar espaços tradicionalmente agrícolas. Se não houver uma intervenção séria, corremos o risco de comprometer a segurança alimentar e o equilíbrio socioeconómico das comunidades locais”, afirmou Gregório Chicola.
O antropólogo critica abertamente a tendência para práticas de lucro fácil e apelou ao seu abandono em favor de alternativas legais, sustentáveis e que contribuam para o verdadeiro desenvolvimento da província. Para Chicola, é necessário reorientar a juventude e os empreendedores locais para caminhos produtivos e de longo prazo.
Como exemplo de solução viável, Gregório Chicola destaca o Corredor do Lobito, iniciativa de infra-estrutura e logística que poderá transformar-se num vector estratégico para o surgimento de projectos criativos e empreendedores no Huambo. “Temos de olhar para o Corredor do Lobito como uma plataforma de oportunidades. O futuro do Huambo passa por iniciativas sustentáveis, não pela destruição das suas bases produtivas”, sublinhou.
O apelo do académico surge num momento em que cresce a tensão entre o aproveitamento de recursos minerais e a preservação dos meios de vida tradicionais, colocando em evidência a necessidade urgente de políticas públicas integradas que conciliem desenvolvimento económico com responsabilidade social e ambiental.
Fonte: RNA