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Intérprete da vilã Vanessa, Leticia Colin fala sobre a importância da novela na sua carreira e adianta a expectativa pela estreia da trama.
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O arrepio de um carinho. O frescor das ondas do mar. O pulsar diante de um samba. O sabor da sobremesa preferida. O aroma de uma flor… Quantas sensações o ser humano é capaz de ter quando se permite desabrochar para a vida? Assim como em um jardim de flores, a vida apresenta pessoas de todas as naturezas – que podem ter falsas aparências e ser movidas por desejos reprimidos, sonhos questionáveis e mesmo ambições imorais. Essa é a premissa de “Todas as Flores“, novela que estreia amanhã na Globo, às 22h20.
Na entrevista a seguir, Leticia Colin desvenda a personalidade de Vanessa, enumera referências e conta mais sobre as contribuições de “Todas as Flores“ para sua carreira.
Como está a sua expectativa para a exibição de “Todas as Flores“ na Globo?
Estou felicíssimaEu mesma estou com vontade de rever a novela. Eu estou muito feliz com a possibilidade de mais gente assistir. Fizemos uma empreitada de sucesso no streaming e agora estamos a chegar para fazer companhia para essas pessoas. Eu celebro muito!
Que traços ou aspectos da trajectória de Vanessa mais te marcaram e você acredita que merecem a atenção de quem vai assistir à novela pela primeira vez?
Eu acho que a Vanessa é um manual do que não fazer, de tudo que a ambição pode construir, e ela mostra o quanto tudo isso é danoso. A Vanessa foi criada para se casar com um homem rico, ter poder. Ela quer status, acha que é melhor que todo mundo. E isso também rende situações muito engraçadas; as pessoas se divertiram muito com ela. Eu tentei criar a Vanessa desse jeito aproveitando o texto do João Emanuel Carneiro, que tem a característica de trazer vilãs engraçadas, patéticas, que cruzam as fronteiras éticas e morais. Este é um exercício interessante de ser feito na ficção. É a possibilidade de vivenciar essas facetas com uma personagem, de visitar lugares que, no mundo real, ainda bem, a gente não visita ou tenta evitar. Acho que as pessoas vão embarcar nas armações da Vanessa. Ela é totalmente manipuladora, egoísta, tem sede de poder. E é muito estilosa, gosta da imagem, da estética. Também é aquela figura sedutora, que vive sexualmente livremente tudo que deseja, o que é muito encantador. Tem um monte de coisa interessante na Vanessa!
Vanessa é uma vilã clássica, sarcástica, a quem o público “amou odiar”. Por que acha que ela conquistou este lugar no imaginário dos espectadores? Enquanto intérprete da personagem, quais foram os seus nortes no processo de construção da sua personalidade repleta de nuances?
Eu fiquei muito feliz pela maneira como a Vanessa foi abraçada pelo público. Acho que o humor tem essa característica: ele faz a gente se conectar. O humor desarma a gente, acolhe, relaxa.. Por mais errática que ela fosse, o humor que ela trazia criava conexão. A nossa brincadeira na novela é encantar também. Eu adoro ser encantada quando assisto a uma produção, adoro entrar na magia do personagem – ele é a nossa capacidade humana de viver coisas que a gente não vive na nossa vida. As pessoas experimentam a realidade da Vanessa em um ambiente seguro, dentro de uma obra dramatúrgica, protegidas pela fantasia. Para compor essa personagem, eu pesquisei muitas coisas, dentre elas as vilãs antológicas da nossa dramaturgia, como Odete Roitman, Carminha, Nazaré. Também os desenhos animados, género de que sou grande fã. Assistimos a um filme animado e os personagens têm sempre uma vulnerabilidade e uma narrativa que explicam por que eles se tornaram aquelas pessoas. Minhas referências vão de “Rei Leão” a “Up: Altas Aventuras”, “Pequena Sereia” na nova releitura. Tem ainda o personagem Hannibal, uma referência do Anthony Hopkins muito impactante para mim em actuação; o Ed Harris e os personagens que ele faz; Norman Bates, personagem do filme “Psicose”. E o filme “Mamãezinha Querida”, com a Bette Davis, que é uma actriz que eu estudo há um tempo e que me inspira muito.
Quais foram as contribuições de “Todas as Flores“ para a sua carreira?
Para muita gente eu virei a Vanessa – mais uma forma de me chamarem. As pessoas sabem que eu não sou a personagem, mas carinhosamente me reconhecem por esse trabalho; eu gosto que elas me chamem assim. A gente passa a fazer parte da rotina das pessoas e criamos memória juntos. Entramos na vida delas como um momento e uma experiência boa. Senti que o meu trabalho chegou neste lugar. Muita gente me conheceu por “Todas as Flores“ e, a partir disso, foi saber dos meus outros trabalhos. Isso é maravilhoso! Fico muito feliz e grata pela oportunidade de encarar a empreitada que é fazer uma novela com essa densidade. Também fico muito feliz de termos discutido temas importantes, como o do capacitismo e o da pessoa com deficiência, visto o quanto ainda precisamos melhorar, gerar acessibilidade, desmistificar os preconceitos. Além, claro, de a novela trazer o Rio de Janeiro, a Gamboa, o samba, um lugar fundador da nossa cultura. Pudemos nos reconhecer como uma resistência cultural da nossa música, do nosso povo… Tem muitas coisas incríveis em “Todas as Flores“.