POC NOTÍCIAS: Domingos Barros | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR | EXCLUSIVO
O número de casos de malária tem vindo a aumentar desde 2016, com maior registo em 2021 onde foram notificados 9.025.938 casos e um total de 13,622 Óbitos.
A saúde é, assumidamente, prioritária e estratégica no Plano de Desenvolvimento Nacional do País para garantir o bem-estar de todos os cidadãos. Em três semanas, o POC NOTÍCIAS vai partilhar, em exclusivo, uma síntese de realizações do sector da saúde de Outubro de 2017 a Abril de 2022.
Segundo dados do relatório a que tivemos acesso, em Angola, as principais causas de morbilidade e mortalidade são provocadas por doenças transmissíveis, que se mantêm sob controle e com a implementação permanente de acções que visam o seu controlo e combate.
O documento destaca que as doenças transmissíveis continuam a dominar o perfil epidemiológico nacional. A Malária, as Doenças Respiratórias Agudas, as Doenças Diarreicas Agudas, as Infecções Sexualmente Transmissíveis e SIDA, a Tuberculose e o Sarampo representaram cerca de 94 % do total de doenças notificadas.
“A Malária, mantém-se como primeira causa de morbilidade e mortalidade no País, sendo considerada de forte endemicidade por ser superior a 1 caso/1.000 habitantes, segundo a OMS. Por este facto, Angola permanece ainda na fase de controlo da doença”
Analisando a evolução de casos e óbitos nos últimos 13 anos, em Angola observou-se um aumento do número de casos de malária a partir do ano de 2016, com maior registo no ano de 2021 onde foram notificados 9.025.938 casos.
Quanto aos óbitos, observou-se um aumento a partir do ano de 2016, ano em que foi notificado o maior número com 18.082 óbitos. Observa-se uma tendência de aumento no número de casos com um pico no ano de 2021 com 28.120,23.
Casos, óbitos, taxa de incidência e letalidade da Malária. (Fonte: Ministério da Saúde)
Ano | Casos | Óbitos | Taxa de incidência (por 100.000 habitantes) | Taxa de letalidade (%) |
2009 | 3.726.606 | 10.505 | 18.870,00 | 0,3 |
2010 | 3.249.375 | 6.770 | 20.380,00 | 0,2 |
2011 | 2.399.888 | 6.437 | 16.881,00 | 0,3 |
2012 | 1.946.866 | 3.932 | 16.319,00 | 0,2 |
2013 | 2.487.306 | 6.518 | 16.389,00 | 0,3 |
2014 | 2.489.196 | 5.264 | 16.050,00 | 0,2 |
2015 | 3.254.270 | 7.832 | 12.982,79 | 0,2 |
2016 | 4.438.837 | 18.082 | 16.139,31 | 0,4 |
2017 | 4.515.531 | 13.978 | 16.139,39 | 0,3 |
2018 | 5.928.270 | 11.814 | 20.267,55 | 0,2 |
2019 | 7.051.349 | 7.923 | 23.367,75 | 0,1 |
2020 | 7.151.290 | 11.757 | 22.974,06 | 0,2 |
2021 | 9.025.938 | 13,622 | 28.120,23 | 0,2 |
O documento refere que no domínio do controlo das doenças, foram elaborados os Planos Nacionais Estratégicos que orientaram a implementação das acções e que permitiram mobilizar recursos financeiros e apoio técnico. Como por exemplo, do Plano Plurianual de Imunizações, do Plano de Emergência para a Eliminação da Transmissão Autóctone da Poliomielite, do Plano Estratégico do Controlo da Malária recentemente actualizado, e do Plano Estratégico da Tuberculose e do Plano doenças Negligenciadas. A partir de 2012, os planos foram alinhados com o PNDS 2012 -2025 e ao PDN.
“Durante este período (2009-2021), o sistema de vigilância sanitária tem detectado e registados surtos epidémicos de Cólera, Poliomielite, Dengue, Sarampo e Raiva em algumas províncias do país. Foram também elaborados os Planos de Controlo e Resposta para a Cólera, a Raiva, a Poliomielite e o Sarampo. Muito recentemente, a Pandemia da COVID-19, que desde 2020 provocou um cenário de emergência sem precedentes, afectando a vida, os meios de subsistência e o sistema de saúde do nosso país e da maioria dos países do mundo”, lê-se no documento.
O mesmo documento destaca que se tem conseguido construir um sistema de vigilância robusto que ao longo dos anos tem permitido detectar surtos e dar resposta em tempo oportuno.
“O surto de cólera surgiu em 2006, com aproximadamente 69.476 casos com 2.773 óbitos nesse ano. Desde 2015, que não se registam casos de cólera no país; o surto da Poliomielite, tendo o País sofrido três importações (2005, 2006 e 2008) do Vírus da Poliomielite da India. Em 2008, foram registados 29 casos, em 2009 igual número de casos, em 2010, 32 casos, em 2011, 4 casos de poliomielite na Província do Cuando Cubango e Uíge”, refere o relatório.
A partir de 2012, o País não regista casos de poliomielite. Para erradicar a Poliomielite, foram intensificadas acções de vacinação de rotina, realizadas Jornadas Nacionais de Vacinação e Sub-jornadas de Vacinação, intensificação da vacinação de rotina e da vigilância das Paralisias Flácidas Agudas (PFA); o Sarampo tem um padrão de endemicidade com surtos epidémicos cíclicos a cada 2 a 4 anos. Para o seu controlo, foram desenvolvidas campanhas nacionais de vacinação integradas com a poliomielite e a administração de vitamina A e campanhas de bloqueio em províncias ou municípios com registos de casos, até ao ano de 2021 tem se registado pequenos surtos, com destaque para o Uíge, Zaire e Luanda.
Desde 2009 tem vindo a registar surtos epidémicos de raiva humana, mantendo-se até 2020; Surto da Febre amarela em 2015/ 2016; Até 20 de Março de 2022 Angola confirmou um cumulativo de 99 015 casos de COVID-19, tendo sido registados casos em todas as províncias do país, “o que demonstra maior exposição ao SARS-CoV-2 pela população em geral a nível nacional, com 96 978 recuperados e 1 900 óbitos, com uma taxa de letalidade de 1,9%”.
Perfil epidemiológico da tuberculose nos anos 2009 a 2021
Analisando a evolução de casos e óbitos nos últimos 13 anos, observou-se que apesar do aumento do número de casos registados, houve uma tendência de diminuição da taxa de incidência. Quanto aos óbitos observa-se um aumento nos últimos três anos (2009 a 2021).
Casos, óbitos e taxa de incidência da Tuberculose. Angola 2009-2021
Ano | Casos | Óbitos | Taxa de incidência (por 100.000 habitantes) |
2009 | 49.776 | 994 | 388,23 |
2010 | 38.823 | 941 | 233,31 |
2011 | 44.503 | 1.117 | 247,60 |
2012 | 46.937 | 1.212 | 253,20 |
2013 | 53.254 | 1.097 | 256,70 |
2014 | 50.870 | 1.390 | 227,60 |
2015 | 54.739 | 1.219 | 218,38 |
2016 | 53.850 | 1.106 | 195,79 |
2017 | 51.805 | 1.377 | 182,67 |
2018 | 63.739 | 1.477 | 217,91 |
2019 | 71.574 | 2.376 | 237,19 |
2020 | 60.057 | 2.357 | 192,94 |
2021 | 60.225 | 2.244 | 187,63 |
Iniciativa de Erradicação da Poliomielite
No contexto da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite, desde o ano 1996 até 2010 foram realizadas em Angola mais de 45 Jornadas Nacionais de Vacinação Suplementar contra a Poliomielite, com uma frequência de 2 a 6 fases por ano.
“O maior surto e Poliovírus Selvagem dos anos 1999 -2000 que causou mais de 1.000 casos notificados de paralisia”
Em 2009, a situação epidemiológica da Pólio foi caracterizada por uma transmissão persistente do poliovírus selvagem tipo 1 (PVS1) por mais de 2 anos no corredor epidemiológico das Províncias de Luanda -Cuanza Sul -Benguela. O número total de casos acumulados de PVS1 a nível nacional, de Janeiro a Dezembro de 2009, foi de 29. Não foram isolados, em 2009, casos PVS tipo 3, contrariamente ao que aconteceu em 2008, em que foram isolados 86%.
“Em 2010, a transmissão foi caracterizada pelo poliovírus selvagem tipo 1 (PVS1). Os casos espalharam-se por seis (6) províncias (Lunda-Norte, Bié, Huambo, Bengo, Uíge e Cabinda), não infectadas há mais de dez (10) anos”
Em 2011, a transmissão foi caracterizada também pelo poliovírus selvagem tipo 1, afectando as províncias do Kuando – Kubango (4) e Uíge (1).
De referir que o último caso confirmado de Poliomielite registado no país foi no Município do Quimbele do Uíge à 7 de Julho de 2011.
Casos, óbitos, taxa de letalidade da Poliomielite entre 2009 e 2015. Fonte: Sistema de Vigilância da Pólio – DNSP
Poliomielite | casos | Óbitos | Taxa de letalidade (%) |
2009 | 29 | 0 | 0 |
2010 | 32 | 0 | 0 |
2011 | 5 | 0 | 0 |
2012 | 0 | 0 | 0 |
2013 | 0 | 0 | 0 |
2014 | 0 | 0 | 0 |
2015 | 0 | 0 | 0 |
2016 | 0 | 0 | 0 |
2017 | 0 | 0 | 0 |
2018 | 0 | 0 | 0 |
2019 | 0 | 0 | 0 |
2020 | 0 | 0 | 0 |
2021 | 0 | 0 | 0 |
Epidemia de poliovírus derivado da vacina tipo 2
A epidemia de Poliovírus Derivado da Vacina do tipo 2 (PVDV-2) começou em Angola no Município de Cambulo, na fronteira com a República Democrática do Congo em abril de 2019. No período de Abril a Dezembro de 2019.
Angola apresentou 7 surtos epidémicos com 121 casos de (PVDV-2) que afectaram 58 municípios de 17 províncias. Para o controlo destes surtos foram implementadas 30 campanhas com a vacina específica denominada Vacina Pólio Oral Monovalente Tipo 2, que cobriram os 164 municípios e permitiram a vacinação de 6.015.012 crianças menores de 5 anos.
O último caso de c-PVDV-2 apresentou-se em Fevereiro de 2020 no município de Mbanza Congo, província do Zaire. A distribuição dos casos pode-se observar no seguinte mapa e gráfico incidência.
OBS: Dossiê continua na próxima segunda-feira neste mesmo espaço.