A 19.ª edição do estudo Banca em Análise revela importantes desenvolvimentos no sector bancário angolano em 2024, destacando-se o facto de alguns dos principais agregados terem revelado um crescimento moderado, com o total dos activos do sector a crescer cerca de 3% e os depósitos captados, cerca de 1,8%.
Já no que respeita a títulos e valores mobiliários, o indicador continua a liderar como a tipologia de activo com maior peso na estrutura de Activos do sector bancário, com um peso de 32% (-3% que em 2023), em virtude da diminuição da exposição do sector bancário nacional à divida pública, embora o nível se mantenha elevado.
Por outro lado, os resultados líquidos no sector bancário registaram um crescimento de 59%, totalizando 822 mil milhões de kwanzas, em linha com o crescimento verificado em 2023.
Esta variação é explicada pelo crescimento na margem financeira (+25%) e dos resultados cambiais (+65%) com uma variação absoluta de 129 mil milhões de kwanzas face a 2023, resultante do aumento dos proveitos associados a transacções em moeda estrangeira, nomeadamente, operações cambiais sobre o estrangeiro e venda de divisas. Importa referir que caso o Banco Económico fosse excluído desta análise, o crescimento dos resultados líquidos do sector, cifrava-se em apenas 1,2%, em função dos prejuízos avultados verificados em 2023.
Segundo, José Barata, Presidente da Deloitte Angola, “o peso do crédito a clientes continua a aumentar na estrutura global de activos, tendo registado um crescimento de dois pontos percentuais como resultado das políticas para estímulo da concessão de crédito orientadas pelo Executivo e pelo Banco Nacional de Angola, para a diversificação económica”. O responsável considera que “o sector bancário enfrenta desafios significativos nos próximos anos relacionados com a necessidade da aposta na qualidade dos dados, na inclusão financeira e aumento da bancarização da população e melhoria da qualidade dos serviços prestados. Face a este cenário, os bancos devem continuar a investir na capacitação dos seus colaboradores e em ferramentas tecnologicamente avançadas, com especial destaque para a utilização da Inteligência Artificial Generativa (GenAI). Esta tecnologia transformadora veio para ficar e será crucial para que os bancos mantenham a sua competitividade e resiliência num mercado em constante mudança.”
Relativamente ao número de balcões, verificou-se um ligeiro aumento de 2%, crescendo de 1 426 balcões em 2023 para 1 454 em 2024. Já no que respeita a Agentes Bancários, registou-se um crescimento exponencial de 641%, passando de 665 agentes em 2023 para 4 922 agentes. Paralelamente, a evolução dos Agentes de Pagamentos, onde também se registou um crescimento assinalável de 203%, passou de 2 388 agentes activos em 2023 para 7 236 agentes activos em 2024.
A edição deste ano do Banca em Análise comtempla ainda as respostas dos responsáveis dos bancos a operar em território nacional relativamente a um breve questionário sobre a qualidade dos dados na banca nacional:
- a totalidade dos líderes dos Bancos participantes consideram que atribuem um nível alto de prioridade à temática da qualidade de dados no seu Banco;
- 1 em cada 4 inquiridos consideram que a qualidade dos dados no seu Bancos “carece de pequenas melhorias”;
- 75% dos responsáveis referem que a prática “carece de algumas melhorias” ou “carece de melhorias significativas”.
As principais causas apontadas pelos inquiridos para eventuais desafios no âmbito da qualidade de dados existentes nos Bancos são:
- Falta de integração dos sistemas de IT;
- Excessiva dependência de procedimentos manuais;
- Falta de informação base de clientes (BI, NIF, morada, entre outros).
O evento Banca em Análise decorreu no dia 10 de Junho, reunindo as lideranças dos principais bancos e instituições financeiras do país. Além da presença da Ministra das Finanças, Dra. Vera Daves, o evento contou ainda com a presença do Governador do Banco Nacional de Angola, Dr. Manuel Tiago Dias e do antigo primeiro-ministro de Portugal, Dr. Pedro Passos Coelho, que abordou a conjuntura económica e a geopolítica internacional.
O presente Estudo inclui a informação financeira auditada em base individual dos Bancos a operar em Angola durante o ano de 2024, com excepção do Access Bank e do VTB, para os quais foram utilizados os Balancetes trimestrais do 4.ª Trimestre (não auditados) de 2024 (e de 2023 no caso do VTB), no caso do Banco Económico e de 2023 no caso do VTB África, uma vez que até à data de publicação do Estudo não foram publicados os respectivos Relatórios e Contas.