O escritor e activista cultural Edson de Oliveira anunciou, esta semana, que o lançamento do seu sexto livro, intitulado “Polígrafo – Toda a Verdade”, será adiado para que a obra seja publicada no formato híbrido, tornando-se assim o primeiro livro na história da literatura angolana a ser editado simultaneamente em tinta e em Braille.
A decisão foi comunicada pelo próprio autor, que se mostrou emocionado com o rumo que o projecto está a tomar. Segundo Edson de Oliveira, mais do que publicar mais uma obra, o objectivo é criar um verdadeiro marco de inclusão social, respeito e representatividade.
“O Polígrafo – Toda a Verdade será o primeiro livro híbrido na história da literatura angolana, combinando texto escrito à tinta e em Braille, trazendo respeito e inclusão às pessoas com deficiência visual total, a quem chamamos ‘cegos’”, afirmou.
O autor revelou que esta opção não foi tomada de ânimo leve, tendo resultado de horas de reflexão e discussão profunda sobre o papel da literatura na construção de uma sociedade mais justa. Por essa razão, a produção do livro foi interrompida temporariamente e o seu lançamento adiado, com o compromisso de garantir a qualidade e fidelidade do novo formato.
“Queremos que esta obra seja um símbolo de inclusão e respeito por todas as pessoas, independentemente das suas capacidades visuais. Esta é, para mim, uma expressão de filantropia”, acrescentou.
A inclusão do Braille na edição física representa um passo inédito em Angola e abre caminho para a democratização efectiva do acesso à literatura, permitindo que pessoas com deficiência visual possam ter experiências de leitura independentes, dignas e completas.
Com cinco obras anteriores publicadas, Edson de Oliveira consolida, assim, um percurso literário marcado pela ousadia, sensibilidade social e preocupação com causas humanitárias. Mais do que um novo livro, trata-se de um acto de responsabilidade social e um gesto pioneiro que pretende inspirar outros autores, editores e instituições culturais a adoptarem práticas mais inclusivas e representativas.
“A inclusão social é extremamente necessária, e por esta razão abraço este nobre desafio. Juntos, podemos criar um legado que inspire e empodere a todos, sem distinção”, sublinhou.
O “Polígrafo – Toda a Verdade” será apresentado ao público numa data a anunciar, e já é aguardado com grande expectativa pelas associações de pessoas com deficiência e leitores em geral. A obra promete não só surpreender pelo seu conteúdo, mas também pela forma como rompe barreiras e propõe um novo paradigma para a literatura angolana.