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Luanda – O economista Daniel Sapateiro considerou hoje, 17 de Novembro, que a venda de acções do BAI um dos momentos mais importantes do sector financeiro em Angola no último ano. No webinar “Bolsa de Valores e compra de acções do BAI”, o especialista insistiu também na importância da educação financeira para entender a complexa dinâmica dos investimentos no mercado de acções.
Numa live por Instagram conduzida pelo gestor de investimentos Euclides Francisco, o economista Daniel Sapateiro considerou que a Oferta Pública de Valores (OPV) de 10% das acções do BAI, em Maio deste ano, foi um dos momentos que definiu “o que pode vir a ser o Mercado de Valores Mobiliários de Angola”. “Foi o primeiro banco a aventurar-se nesta viagem”, sublinha.
Como recordou, o BAI lançou a OPV sobre a participação de 10% que a Sonangol e a Endiama detinham até então na instituição, num processo que permitiu um encaixe de mais de 40 mil milhões de kwanzas.
“O BAI é o maior banco em Angola, dos que mais tem crescido e que se internacionalizou com o BAI Cabo Verde e BAI Europa”, aponta. “É um banco com profissionais muito comprometidos com o crescimento da instituição”, o que “transmite segurança” e “leva a pensar que vai ter resultados líquidos positivos e que vai querer agradar aos investidores, distribuindo dividendos no futuro”.
Esta perspectiva, considera, poderá estar na base da grande procura durante a OPV, que “superou 158 vezes a oferta” estabelecida em 1 milhão 945 mil acções (dos 2852 investidores que mostraram interesse, apenas 842 foram contemplados). Durante o webinar, o economista realçou também a valorização das acções do BAI desde a OPV em Maio, dos 20.640 Kz para os actuais 31.850 Kz.
Reconhecendo “o sucesso” deste processo, ao qual se seguiu a colocação de mais acções ordinárias do BAI na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), Daniel Sapateiro alertou que, apesar da valorização das acções do banco, “este mercado não é para imediatistas” que esperam “dividendos e lucros rápidos a curto prazo”. Numa mensagem aos novos investidores, alerta: “É importante saber o que quero como accionista. Sou accionista porque quero ter um pé de meia? Isso é muito viável num banco como o BAI. Mas se quero ter lucro rápido, então este não é o lugar indicado”, avisa.
Para lidar com “um mercado complexo” e “altamente psicológico, emocional e especulativo“, Daniel Sapateiro apela a quem pensa investir na bolsa a reforçar a “educação financeira”, como forma de capacitação não só sobre a dinâmica do mercado de acções mas também sobre questões como a distribuição de dividendos ou a relevância dos pequenos accionistas nas decisões das instituições.
Por último, o economista deixou um conselho: “Há que ter em conta que as acções não são o preço de compra, mas o que podem valer como parte de um valor muito maior, que é o da instituição (…) Pensem em ser accionistas pelo menos por três anos, pensem nisso como um activo que faz parte da vossa vida e que podem inclusive deixar como herança às gerações vindouras, recordando sempre que este caminho é longo e de constante aprendizagem”.