O recente estudo da consultora Deloitte revela também que mais de metade (57%) das organizações planeiam aumentar os seus orçamentos de cibersegurança nos próximos 12 a 24 meses e 39% das organizações está a utilizar tecnologia de Inteligência Artificial para prevenir e responder a tentativas de ataques cibernéticos.
A grande maioria das organizações a nível global está a priorizar esforços para reforçar a cibersegurança, evidenciando a ligação crescente entre esta área e os resultados obtidos. Em concreto, 86% das empresas inquiridas estão a implementar acções para melhorar a cibersegurança em grau moderado ou elevado, refletindo uma compreensão alargada da importância de programas sólidos de cibersegurança para garantir a sua eficácia. Além disso, 85% dos inquiridos esperam alcançar os resultados comerciais desejados em consequência do aumento das suas actividades de cibersegurança. Conclui-se assim que a ligação entre a cibersegurança e o valor comercial esperado nas empresas é cada vez mais forte.
A nível da região África, Europa e Médio Oriente (EMEA), os resultados acompanham as tendências globais observadas: 88% das empresas inquiridas espera ter maior agilidade e assegurar a continuidade e reforço da resiliência das suas operações com maior investimento em Cibersegurança, ao mesmo tempo que 81% admitem que esses investimentos são essenciais para assegurar a confiança e reputação nas suas marcas, evitar riscos reputacionais de perdas de dados e de violação de aspectos regulatórios.
Estes dados são do Global Future of Cyber Survey 2024, estudo da Deloitte baseado num inquérito a cerca de 1200 líderes empresariais das áreas tecnológicas, ao nível de director ou administração, de organizações nas regiões das Américas, EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e APAC (Ásia-Pacífico). Na sua 4.ª edição, o estudo analisa as perspetivas dos decisores empresariais sobre a evolução do panorama da cibersegurança e identifica as prioridades estratégicas e operacionais das empresas nesta área.
A nível global, o estudo revela que as organizações classificadas com elevada maturidade cibernética têm, em média, mais 27 pontos percentuais de probabilidade de alcançar os seus objectivos comerciais, em comparação com organizações menos maduras. Os principais benefícios esperados com as iniciativas de cibersegurança incluem (i) a protecção de propriedade intelectual, (ii) a melhoria na detecção e resposta a ameaças e incidentes e (iii) o aumento da eficiência e agilidade operacionais na gestão da função Cibersegurança, cada vez mais essencial no dia a dia dos agentes económicos.
As consequências de incidentes de cibersegurança continuam a ter impacto significativo nas organizações. Este ano, a perda de confiança na integridade tecnológica foi identificada como a primeira e principal preocupação na lista, subindo do sexto lugar do ano anterior. As perturbações operacionais surgem como a segunda maior preocupação, seguidas de perdas reputacionais, impacto negativo na retenção e recrutamento de talento e, por fim, perda de receitas.
De acordo com António Veríssimo, Partner da Deloitte, “a cibersegurança é actualmente um factor essencial de salvaguarda para que as organizações sejam reconhecidas como seguras e confiáveis, uma vez que lidam com cada vez mais dados e transacções sensíveis dos seus clientes e restantes parceiros de negócio. Nessa medida é necessário redobrar os esforços para minimizar o crescente risco de potenciais ataques cibernéticos à medida que as plataformas tecnológicas estão cada vez mais digitais, integradas e globais. Pelas conclusões deste estudo, vemos que as organizações vão continuar a investir em estratégias de preparação e prevenção, o que no médio/longo prazo poderá evitar situações de crise”.
Relativamente às ameaças, 42% dos inquiridos referem os cibercriminosos e os terroristas como as suas principais preocupações. 40% dos inquiridos admitem terem reportado publicamente seis a dez tentativas de ataques cibernéticos no último ano.
Ao mesmo tempo, as organizações estão a recorrer cada vez mais à inteligência artificial na cibersegurança para ajudar a melhorar a identificação e a resposta às ameaças, sendo que 39% dos inquiridos estão a utilizar tecnologias de IA nos seus programas de cibersegurança em grande medida, e 34% estão muito preocupados quanto a riscos relacionados com a IA como parte da estratégia de cibersegurança. Para lidar com estes desafios, 57% das empresas planeiam aumentar os orçamentos de cibersegurança nos próximos 12 a 24 meses e 58% esperam integrar os custos de cibersegurança nos orçamentos de outros programas de transformação estratégicos, como transformação digital, TI e investimentos na nuvem.
De acordo com José Barata, Presidente da Deloitte Angola, “é imperativo que as organizações em Angola levem a cabo investimentos significativos em cibersegurança para protecção dos seus activos num ambiente com desafios crescentes”.
O papel do Chief Information Security Officer (CISO) está também a ganhar relevância, com um terço dos inquiridos a referir que o envolvimento deste papel executivo na definição estratégica sobre capacidades tecnológicas aumentou significativamente no último ano.