A 13.ª Conferência sobre Alterações Climáticas e Desenvolvimento em África (CCDA-XIII) terminou com um apelo vigoroso a uma agenda climática africana coerente, baseada em evidência científica e atractiva para investimento.
O encontro, realizado de 5 a 7 de Setembro, reuniu mais de 250 delegados, incluindo decisores políticos, negociadores, cientistas, representantes da sociedade civil e jovens líderes. As conclusões servirão de base para a Segunda Cimeira Africana sobre o Clima (ACS2) e moldarão a posição comum do continente na COP30, que terá lugar em Belém, Brasil.
Apesar de África ser responsável por menos de 4% das emissões globais, recebe apenas 3% do financiamento climático internacional, mesmo albergando 9 dos 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas. O défice de adaptação no continente é calculado em 160 mil milhões de dólares anuais.
Durante a conferência, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou a mobilização de 4 mil milhões de dólares até 2025, através da Janela de Acção Climática, para apoiar Estados vulneráveis e frágeis. Os delegados sublinharam ainda a necessidade de transformar o financiamento climático, defendendo a mobilização de 2,5 a 3 biliões de dólares anuais até 2030 e o cumprimento da promessa global de 300 mil milhões de dólares anuais até 2035.
Entre as recomendações apresentadas destacam-se: Ciência e dados-investir em sistemas integrados de monitorização climática e alertas precoces; Adaptação e resiliência-operacionalizar o novo sistema de rastreamento de desastres e garantir acesso equitativo ao Fundo de Perdas e Danos; Financiamento-expandir instrumentos como obrigações verdes e financiamento misto, assegurando que 10% dos fluxos criem emprego verde; Transição energética-garantir acesso universal à energia, apostar no hidrogénio verde e nas cadeias de valor dos minerais críticos; Ecossistemas-reforçar a gestão de florestas, zonas húmidas e turfeiras; Governança – fortalecer a arquitectura institucional africana sob a liderança da União Africana.
No encerramento, Claver Gatete, subsecretário-geral das Nações Unidas e secretário executivo da ECA, destacou a liderança do continente: “África não está à espera que ajam por ela. Está a moldar o seu destino, a alavancar recursos próprios e a oferecer soluções para o mundo”.