POC NOTÍCIAS: Ângelo dos Santos | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
O escritor José Luís Mendonça não quis ficar na casa do barulho, acompanhando as posições e intenções do presidente da república João Lourenço e as filhas do ex-presidente José Eduardo dos Santos em relação ao seu funeral.
Numa carta aberta ao presidente João Lourenço, José Luís Mendonça começou por dizer: “Venho através desta singela carta sugerir humildemente a Vossa Excelência, na qualidade de Presidente da República, que aproveite esta oportunidade que se oferece com o passamento físico do seu antecessor para realizar em Angola aquilo que todos sempre sonhámos: a Paz efectiva”.
De acordo com o escritor, o país vive em permanente Tensão Social e Política. A morte do Presidente José Eduardo dos Santos permite, exige e impõe essa tomada de decisão e actuação consequente.
Como angolano e africano, defende que o corpo de José Eduardo dos Santos repouse na sua terra: Angola. E que as cerimónias fúnebres sejam realizadas aqui na nossa terra.
“Acredito que a família toda de JES, assim como Vossa Excelência, também o desejam,. Mas estamos perante um imbróglio: as filhas mais velhas não querem que JES seja aqui sepultado agora”
Mendonça refere que do seu ponto de vista e do ponto de vista da construção da concórdia entre as pessoas desavindas, a solução seria entrar num acordo com a família de JES.
O escritor recorda que os filhos de JES têm litígios com a Justiça angolana, sendo da mesma natureza que têm, por exemplo, o general Higino Carneiro, cujo processo foi arquivado.
“Então, porque não chegar-se a um acordo que os juízes poderão criar na suas doutas cabeças, para, de uma assentada arquivar todos os processos do enriquecimento ilícito, em troca da devolução de bens (alguns dos quais já arrolados pela PGR), tal como se fez com algumas figuras de proa do peculato? Se se fez com alguns, não é possível estender o processo a todos? Porque, Sr. Presidente, se a Justiça angolana quiser mesmo aplicar a LEI, teria de abrir quase um milhão ou mais de processos, pois milhões de funcionários da nossa Administração Pública andaram a comer do erário e ainda comem à socapa”, entende.
“A Conversar é que a gente se entende. Meter na cadeia, neste caso concreto em que os próprios juízes e magistrados também se aboletaram do erário, só cria ódios e dores mortais, como a dor que levou JES à viagem final. Esta concertação teria como mediadora a Igreja Católica. Ficaria tudo assinado no papel. Dessa forma, far-se-ia o funeral de JES aqui e agora em Angola, e teríamos um novo processo de pacificação no país que faria de Vossa Excelência outro arquitecto da paz”, concluiu.